27 set, 2016 - 13:13 • José Pedro Frazão
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Visto como um dos principais rostos da oposição interna no PSD, José Eduardo Martins confessa preocupação com o estado actual do partido e diz mesmo que os sociais-democratas nada fazem para travar a maioria de esquerda.
“Claro que me preocupa o ‘pouco PSD’. Estes dois ou três meses de Verão e estes últimos dias… Um social-democrata pode defender que muito património imobiliário tributado pode ser uma maneira de reduzir alguma progressividade nos impostos. Mas é difícil deixar passar toda esta catilinária protocomunista sem que o PSD reaja. Sem que defenda o país dos pequenos proprietários, que são os seus eleitores por eleição”, afirma o advogado no programa “Falar Claro” da Renascença.
Questionado sobre a eventual falta de oposição pelo PSD, o antigo secretário de Estado responde que “devia haver mais”. Argumenta que o Governo “passou um Verão horrível e sai desse Verão a aumentar a sua intenção de voto, com o PSD a baixar nas sondagens”.
Digam algo de social-democracia, s.f.f.
No debate sobre a carga fiscal que precede a apresentação do Orçamento do Estado, é tempo de o PSD mostrar o que pensa, complementa Eduardo Martins, que substituiu Nuno Morais Sarmento, habitual comentador do “Falar Claro”.
“Claro que quando não temos onde pedir, quando não temos quem nos empreste, é difícil viver sem as regras que nos ditam. Mas a adesão àquele conjunto de filosofias e políticas devia pôr o PSD a pensar. Isso é um pouco aquilo que os eleitores do PSD esperam, perceber onde é que essa progressividade e o anunciado regresso à social-democracia se concretizaria, por exemplo. Como é que isso se contrapõe a estas políticas de aumento dos impostos indirectos do PS?”, questiona o jurista, que esteve nos governos PSD-CDS de Durão Barroso.
Para José Eduardo Martins, é “tonto” não defender uma reposição de rendimentos dos portugueses, mas o caminho deve ser sobretudo o “do aumento dos rendimentos”.
Vera Jardim: "Bloco fala demais"
No debate desta semana, o socialista Vera Jardim criticou a atitude do Bloco de Esquerda – “fala demais para o meu gosto e em tempos que não são adequados” – e atribui um protagonismo crescente dos bloquistas face ao PCP a “uma forma de estar do Bloco, mais do que alguma coisa de ideologia”.
Vera Jardim considera, porém, que o primeiro-ministro conseguiu “com algum sucesso” pôr ordem nos discursos mais recentes do Bloco.
O histórico socialista espera que a plataforma que apoia o Governo não ceda. “Os partidos que apoiaram o PS pagariam um preço muito pesado se lançassem agora uma crise política. Faço votos para que isso não aconteça”, diz o antigo ministro da Justiça.
Sobre o posicionamento do PS no plano económico, entretanto desafiado pela bloquista Mariana Mortágua, que perguntou até onde está o PS “disposto a ir para constituir uma alternativa global ao sistema capitalista”, Vera Jardim lembra que os socialistas sempre defenderam a economia de mercado, mas não "o mercado à solta, de especulação, que pouco traz à economia".
José Eduardo Martins anota que “não deixa de ser irónico que, depois do Presidente Sampaio nos ter lembrado que há mais vida para além do défice, seja um governo do Partido Socialista a embandeirar em arco com números do défice”. É a vida, remata o social-democrata no mesmo tom.