02 nov, 2016 - 09:46
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O Governo vai ter um “problema grave entre mãos” se os administradores da Caixa Geral de Depósitos (CGD) continuarem a recusar entregar as suas declarações de rendimentos ao Tribunal Constitucional. O aviso foi feito pela coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, em entrevista à Renascença.
A coordenadora do Bloco considera “lamentável” a postura de António Domingues e dos restantes administradores do banco público.
“Espero que [a administração] mude de ideias, se não o Governo tem um problema grave entre mãos e não um problema criado pelo Bloco de Esquerda ou pelos partidos que o exigem: é um problema criado por este absurdo de se achar que pode gerir o maior banco português, que é um banco público, alguém que não entrega a sua declaração de rendimentos ao Tribunal Constitucional”, sustenta.
Entrevistada em directo no programa Carla Rocha - Manhã da Renascença, Catarina Martins diz ainda “que isto se resolve bem com a administração da Caixa fazer uma coisa tão simples como entregar a declaração de rendimentos e património ao Tribunal Constitucional”, que até pode não ser divulgada, se houver motivos para isso.
Pensões. “Não é o que queríamos, mas orgulhamo-nos”
Em Janeiro, a generalidade das pensões será actualizada em linha com a inflação, de acordo com a proposta de Orçamento do Estado para 2017. Em Agosto, as pensões entre os 275 e os 628,28 euros deverão ser aumentadas até um total de 10 euros.
Catarina Martins admite que “não foi aquilo que o Bloco defendeu”, mas respeita “as negociações” com o Governo.
“O Bloco de Esquerda tem 10% dos votos e com a força que tem faz o melhor que pode. As pensões são aquilo em que há maior aumento de rendimentos neste Orçamento do Estado – aliás, neste Orçamento do Estado quem paga IRS vai pagar menos impostos, menos 200 milhões de euros, portanto, por essa via há uma recuperação dos salários, tanto no privado como no público, e há este aumento extraordinário das pensões”, sustenta.
“Com a actualização da inflação, são cerca de 187 milhões de euros a mais para os pensionistas”, reforça. “Não é o que nós queríamos, mas orgulhamo-nos, porque achamos que se fosse um Governo de maioria absoluta do Partido Socialista não teríamos chegado aqui.”
Dívida divide
Outra matéria em que o Bloco e o PS têm divergido é na reestruturação da dívida. “Achamos que para a austeridade acabar é mesmo preciso renegociar a dívida pública, porque a dívida pública leva os nossos recursos todos e, por muito que a gente poupe, temos sempre que nos endividar para pagar mais dívida”, defende a coordenadora do BE.
Catarina Martins considera que é preciso mais emprego, “com números que não podem ser os tímidos que temos agora – têm de ser bem mais sólidos” – e isso não se consegue sem a tal reestruturação.