04 nov, 2016 - 19:17
O deputado do CDS-PP Telmo Correia defendeu esta sexta-feira que o segundo "Orçamento das esquerdas unidas" é de "austeridade", com "cortes e cativações", e é o segundo em que os impostos não baixam.
"Este é o segundo Orçamento das esquerdas unidas e é o segundo Orçamento em que os impostos não baixam", afirmou Telmo Correia, na intervenção de encerramento do debate na generalidade da proposta de Orçamento do Estado (OE) para 2017, que os centristas votarão contra.
Telmo Correia reiterou a acusação de que este OE é "de austeridade, com cortes e cativações que já levaram a falhas nos serviços públicos, ao caos nos transportes, a problemas nos hospitais e até ao encerramento de escolas".
O deputado e dirigente centrista traçou um perfil de um "monge trotskista" para se referir a algumas medidas do OE.
"Os senhores que tanto teorizavam sobre a nossa paixão pela austeridade, como se fosse uma espécie de submissão ao calvinismo radical de origem germânica, o que têm para dizer quando um cidadão que não queira ser penalizado pelas vossas opções o que tem como opção é viver numa casa sem sol, sem vistas, só andar a pé, fumar ou beber nem pensar, e nem o prazer de uma bebida açucarada lhe resta", disse.
"Não é calvinismo, mas é o retrato de um monge trotskista", concluiu.
Telmo Correia reconheceu que "não aconteceu nenhuma tragédia e que ainda não se repetiu o descalabro a que o PS conduziu o país em 2011".
"Não aconteceu e ainda bem, não somos catastrofistas e esperamos sinceramente que os portugueses não tenham de passar outra vez por aquilo que a vossa irresponsabilidade passada os condenou", afirmou.
Contudo, sublinhou Telmo Correia, "o crescimento não existe, a dívida pública está em praticamente 132% do PIB, batendo recordes e atingindo valores insustentáveis".
"O melhor que se pode dizer, com boa vontade, dos vossos resultados é que não passamos da cepa torta", disse.
Telmo Correia atacou ainda a postura da maioria de esquerda, sobretudo PCP e BE, afirmando surpresa por "partidos outrora tão indignados ou revolucionários" se terem tornado "tão submissos e condicionados pelo poder".
"O que antes era um escândalo agora é um incidente em resolução, merece um reparo e caso encerrado. Sejam um encerramento de uma escola ou várias licenciaturas falsas", numa referência a demissões no gabinete do primeiro-ministro e do ministro da Educação por chefes de gabinete que não detinham as habilitações literárias divulgadas em Diário da República.
"A vossa indignação depende do lugar onde se sentam e isso chama-se oportunismo", acusou.