Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

Menos impostos e defesa dos direitos do trabalho são as prioridades do PCP

02 dez, 2016 - 12:28

Na abertura do congresso dos comunistas, Jerónimo de Sousa apontou ainda como metas a luta pelo "controlo público da banca e a recuperação para o sector público dos sectores básicos estratégicos da economia".

A+ / A-

Veja também:


O secretário-geral do PCP definiu, esta sexta-feira, na abertura do XX congresso do PCP, oito áreas de intervenção prioritárias no actual quadro político, entre as quais constam a redução da carga fiscal dos trabalhadores, a valorização dos direitos no trabalho e dos serviços públicos.

"Defesa de uma política de justiça fiscal que alivie a carga fiscal sobre os rendimentos dos trabalhadores e do povo e rompa com o escandaloso favorecimento do grande capital", apontou o secretário-geral do PCP, numa alusão ao tema da reforma fiscal, cuja mudança o actual Governo socialista remeteu para 2017, com incidência no ano fiscal de 2018.

Em relação ao Estado social, Jerónimo de Sousa disse que o PCP vai exigir "uma administração e serviços públicos ao serviço do povo e do país, valorizando o Serviço Nacional de Saúde como serviço geral, universal e gratuito, uma escola pública gratuita e de qualidade e um sistema de Segurança Social público e universal e a cultura".

A "valorização do trabalho e dos trabalhadores, assente no aumento dos salários, no pleno emprego, na defesa do trabalho com direitos, no combate ao desemprego e à precariedade, com maiores reformas e pensões" e, por outro lado, a "defesa e promoção da produção nacional e dos sectores produtivos (…), que coloque os recursos nacionais ao serviço do povo e do país e reduza os défices estruturais", foram outros dois objectivos enunciados pelo secretário-geral do PCP.

Entre as oito áreas prioritárias do PCP, Jerónimo de Sousa colocou pontos em que se verificam divergências profundas com o executivo socialista, como a intenção dos comunistas de "libertar" Portugal da "submissão ao euro e das imposições e constrangimentos da União Europeia", a par com a "renegociação da dívida pública, nos seus prazos, juros e montantes", tendo em vista garantir "um serviço da dívida compatível com as necessidades de investimento público, desenvolvimento e criação de emprego".

Jerónimo de Sousa apontou ainda como metas a luta pelo "controlo público da banca e a recuperação para o sector público dos sectores básicos estratégicos da economia".

No plano político-institucional, o líder comunista definiu como preocupação central do PCP a "defesa do regime democrático e do cumprimento da Constituição da República Portuguesa, o aprofundamento dos direitos, liberdades e garantias, o combate à corrupção e concretização de uma justiça independente e acessível a todos".

"Hoje estará mais claro aos olhos dos trabalhadores e do povo que não é só necessário mas possível criar as condições para afirmar a alternativa", sustentou o secretário-geral do PCP, numa referência ao quadro de relações do seu partido face ao Governo minoritário do PS.

O "quadro contraditório" em o PCP se move

Noutra passagem da sua intervenção de mais de hora e meia, o líder comunista reconheceu os "avanços conseguidos, mesmo que insuficientes", através de um Governo do PS, que lamentou "não se libertar das imposições europeias".

"Ninguém como nós tem consciência do quadro contraditório de possibilidades e limitações que a nova fase da vida política nacional apresenta (...), bem evidente na evolução da situação política e da vida do país deste último ano", disse Jerónimo de Sousa.

Para o secretário-geral do PCP, "está patente, por um lado, nos avanços conseguidos, mesmo que insuficientes, e, por outro, nas manifestas limitações a avanços mais decisivos e indispensáveis que resultam do facto de estarmos perante um governo do PS com a sua opção de não se libertar das imposições europeias, do euro e do domínio do capital monopolista e de outros constrangimentos".

"A nova fase da vida política nacional não traduz um governo de esquerda, nem uma situação em que o PCP seja força de suporte ao governo por via de um qualquer acordo de incidência parlamentar que não existe, mas sim uma solução que permitiu a formação e entrada em funções de um governo minoritário do PS com o seu próprio programa, onde está presente um compromisso de reverter direitos e rendimentos esbulhados aos trabalhadores e ao povo", sintetizou.

Um partido que não se "domestica"

Perante os cerca de 1.200 delegados comunistas, o líder sublinhou que o partido não está "domesticado", mas antes aberto a "tomar e assumir compromissos" contra a "política de direita", protagonizada por PSD/CDS e também PS.

"Podem repetir até à exaustão a historieta do PCP domesticado que não nos impressionam. Como não impressionaram ninguém quando há meses, perante a perspectiva de uma solução que condenava o seu Governo à derrota, diziam exactamente o contrário, e levantavam, agitados, o espantalho do assalto ao poder pelo PCP e do regresso do PREC, com o PS a reboque".

O líder comunista declarou que o problema do seu partido "não está, nem nunca esteve, em tomar e assumir compromissos", pois "esse é problema que há muito está resolvido entre aqueles que estão na luta pela transformação social".

Tópicos
Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

  • Zé Povinho
    03 dez, 2016 Lisboa 15:15
    Não entendo como há pessoas contra a baixa de impostos propostos pelo PCP.! Gostaria de saber se os críticos são contra a baixa de impostos se fosse proposto pelo partido que simpatizam? Baixa de impostos só é possível se puserem a pagar, quem não paga. E só é possivel,quando acabarem com os contratos lobista com muitos organismos (rendas,parcerias, etc.)
  • Tuga
    02 dez, 2016 Portalegre 13:54
    Não consigo acreditar em comunistas, pois jà me mentiram muito !
  • CAMINHANTE
    02 dez, 2016 LISBOA 13:31
    Para clarificação desde já a declaração que não sou nem nunca fui comunista ou adepto de tal entendimento da sociedade. Agora já posso dizer que é um facto que há uma acentuada redução dos direitos básicos de quem trabalha por conta de outrem, pois com a cobertura da crise e do desemprego excessivo existente, há real exploração, em muitas situações, de quem trabalha , já que obrigam as pessoas a trabalhar mais horas do que as estabelecidas no contrato efectuado, sem remuneração extra e sempre sob a ameaçado que se está mal muda-se... e não me refiro a uma hora a mais... nem tanto ao mar nem tanto à terra, como diz o povo... ou seja existia um excesso de "direitos" do empregado, mas agora está a extravasar-se, em muitas situações, o aceitável e de justiça mínima. É necessário mais horas, tudo bem; mas ao menos pague-se.

Destaques V+