02 dez, 2016 - 12:24
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O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, diz que é impossível refundar e democratizar a matriz política da União Europeia e aponta como prioridade libertar o país dos constrangimentos da moeda única e da dívida.
"A experiência recente demonstra que a União Europeia constitui uma matriz política e ideológica impossível de ser democratizada, humanizada ou refundada", afirmou Jerónimo de Sousa, no discurso de abertura do XX Congresso do PCP, em Almada.
O secretário-geral do PCP afirmou que qualquer política em favor dos trabalhadores terá de se confrontar inevitavelmente com os "constrangimentos da União Europeia e, desde logo, do euro" e acrescentou não ter dúvidas de que nesse embate, "que já é visível, Portugal tem de libertar-se de um conjunto de constrangimentos da União Europeia, desde logo e em primeiro lugar, do euro".
Aos que "acenam" com "cenários de catástrofe" em caso de saída da moeda única, Jerónimo respondeu que "pretendem vender a tese da inevitabilidade" de o país continuar amarrado ao euro.
Mas, disse, "como a situação da Grécia demonstra, é uma perigosa ilusão pensar-se, ou proclamar-se, que se podem encontrar reais soluções para as questões do desenvolvimento económico e do progresso social aceitando-se o quadro de imposições da União Europeia e em especial do euro".
Para o líder do PCP, é ainda essencial avançar para a renegociação da dívida.
O que o PCP sabia
Jerónimo de Sousa referiu também os alertas oriundos "do consenso de Bruxelas entre direita e social-democracia" para os "perigos e os problemas da Europa" resultantes das desigualdades e das assimetrias, afirmando que o PCP já o tinha identificado.
"Sabíamos que o caldo de exploração social e opressão nacional resultando das políticas da União Europeia iria tornar mais reaccionários os sistemas políticos e abrir o campo à extrema-direita", disse.
Por isso, "é uma profunda hipocrisia e um ato de manipulação política usar a crise na e da União Europeia para justificar novos saltos em frente no processo de integração capitalista", considerou.
"É por isso que a questão que está colocada não é a de maquilhar, refundar ou democratizar a União Europeia. A questão que está colocada aos povos não é mudar alguma coisa para que tudo fique na mesma, mas sim articular rupturas que permitam construir uma outra Europa", disse.
Para o PCP, a construção dessa "outra" Europa "assenta na democracia e na soberania e não num centro de poder opaco e arrogante, com as suas chantagens, imposições e sanções".