28 dez, 2016 - 20:15 • José Pedro Frazão
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O ano que agora finda começou com as dúvidas sobre a capacidade de sobrevivência da maioria que suporta o Governo do Partido Socialista.
“Eu próprio tinha dúvidas sobre como iria correr o segundo Orçamento já que o primeiro não teria dificuldades”, reconhece José Vera Jardim no programa Falar Claro da Renascença.
“Correu bem e atingiram-se as metas fundamentais em relação à consolidação orçamental. Isso são boas notícias”. O histórico socialista destaca a “estabilidade governativa” como marca do ano político de 2016.
Nuno Morais Sarmento salienta a emergência de uma nova realidade política, com um alargamento em mais de 50% dos “partidos parlamentares governativos”, com a inclusão do PCP e do Bloco de Esquerda. “Esta é a alteração política mais profunda que aconteceu em Portugal”, assinala o militante do PSD.
Nesse capítulo, Morais Sarmento destaca um sinal positivo do ponto de vista político. “Há um ganho para o país neste quadro de estabilidade relativa que se encontrou”, insiste o social-democrata. O mesmo já não acontece, diz Sarmento, na vertente económica.
“Há falta de comparência em termos de estratégia económica e financeira para o país. Não temos nenhuma e vamos vivendo por consequência da forma como este acordo aconteceu, muito manietados por uma negociação que forçosamente torna o horizonte de curto prazo e não de longo prazo”, argumenta o antigo ministro de Durão Barroso.
Oposição e Marcelo
O novo quadro político tem sido aziago para PSD e CDS, considera Morais Sarmento. “É evidente uma dificuldade de adaptação a este quadro. Há um descompasso que permitiu que esta maioria encontrasse o seu modo de conviver internamente”, observa Morais Sarmento.
Ao mesmo tempo emerge uma personalidade política de primeira linha em Portugal. “A eleição do Presidente da República (PR) deve ser destacada não só pela eleição, mas pelo perfil e pela maneira como o PR tem actuado”, considera Vera Jardim, para quem Marcelo Rebelo de Sousa “anuncia” algo a fazer na proximidade aos cidadãos.
Para Nuno Morais Sarmento, é assinalável que “num quadro europeu de democracias estabilizadas, uma pessoa individual, neste caso político, consegue estabelecer uma relação individual e exclusiva com os destinatários políticos”.