06 jan, 2017 - 07:01 • Susana Madureira Martins
Foto: DR
O convite do primeiro-ministro
indiano, Narendra Modi, surgiu pouco depois da tomada de posse do Governo
PS. A formulação desse convite terá sido pouco ortodoxa, já que,
segundo fonte diplomática, incluiu uma “referência simpática e calorosa” às
origens indianas de António Costa, com raízes em Goa. A visita tem estatuto de
Estado, ou seja, o primeiro-ministro terá honras de chefe de Estado e será
recebido em Nova Deli, este sábado, no Palácio Presidencial.
Esta deslocação de António Costa à Índia, para onde parte esta sexta-feira, é vista como uma verdadeira oportunidade de negócio, não a curto prazo, mas a médio/longo prazo. Para o Governo servirá como semente para o futuro e de forma pragmática: semear agora para colher depois.
O facto é que a relação económica Portugal-Índia é diminuta; as exportações nacionais para aquele país representam 100 milhões de euros ao ano, o que é tido como residual. Tendo em conta que a economia indiana está a crescer na ordem dos 7,5% ao ano o Governo português entende que é de aproveitar a visita e tentar estabelecer parcerias. As áreas de aposta estão desenhadas: a indústria à volta do ambiente – saneamento, resíduos, água – defesa, turismo, cinema.
António Costa é convidado de honra da convenção da diáspora indiana que vai realizar-se em Bangalore. O primeiro-ministro irá discursar num evento que se realiza de dois em dois anos e que deverá reunir naquela cidade cerca de dez mil pessoas, a maioria empresários indianos emigrados.
Para além da dimensão económica, Portugal aproveita esta visita para reforçar a relação política com a Índia; após o corte de relações nos anos sessenta do século passado a intensidade das visitas de Estado tem vindo a crescer – primeiro com o Presidente da República Mário Soares, depois com Cavaco Silva e uma visita do primeiro-ministro José Sócrates, em representação da União Europeia – e a relação entre os dois países é agora considerada normalizada.
Regresso às origens
A visita é de Estado, mas tem um lado emocional: Costa tem raízes familiares em Goa, o último ponto da viagem.
O programa oficial inclui uma visita à Sé Catedral e à Igreja do Bom Jesus, onde será recebido pelo arcebispo de Goa, Dom Filipe Neri Ferrão, e uma ida ao templo hindú Mangesh, onde será recebido pelo sacerdote chefe, e inclui uma cortesia do governo indiano que preparou uma cerimónia de lançamento em inglês da obra “Sem flores nem coroa” escrita pelo pai do primeiro-ministro, Orlando Costa. Fora do programa oficial, Costa-filho fará uma breve visita privada a familiares que ainda residem em Margão.
A viagem à Índia termina com o chefe do Governo português a encontrar-se com empresários da indústria de cinema de Bollywood e com um momento musical da fadista goesa, Sónia Shirsat.
Nesta visita de Estado, o primeiro-ministro faz-se acompanhar por cinco ministros - Negócios Estrangeiros, Defesa Nacional, Cultura, Economia, Ciência, Tecnologia e Ensino Superior e pelo secretário de Estado da Indústria.