06 jan, 2017 - 17:55
O antigo primeiro-ministro José Sócrates desmentiu Luís Campos e Cunha, antigo ministro das Finanças, que disse no Parlamento ter sido pressionado pelo líder do executivo socialista de então para demitir a administração da Caixa Geral de Depósitos (CGD).
"Há anos que o Dr. Campos e Cunha aproveita os quatro meses da sua passagem pelo Governo para atacar os seus antigos colegas. Considero tal comportamento desprezível e sempre o ignorei por não querer quebrar a regra que sigo de não comentar a vida interna do Governo a que presidi", acusou Sócrates numa nota enviada esta sexta-feira à comunicação social.
"Hoje sinto que tenho o dever de o desmentir: as suas declarações a propósito da Caixa Geral de Depósitos são falsas e sem nenhuma correspondência com a verdade", assinalou o antigo governante.
E reforçou: "Esclareço que nunca fiz qualquer pressão para demitir a administração daquele banco. Esclareço ainda que a vontade de substituir a referida administração sempre me foi manifestada pelo então ministro das Finanças que, ao contrário do que agora é afirmado, na altura considerava que não estava à altura da missão do banco".
"Quanto às razões da sua exoneração do cargo de ministro das Finanças, eu e todo o Governo da altura as conhecemos", rematou Sócrates.
O antigo ministro das Finanças Luís Campos e Cunha disse na quinta-feira, no Parlamento, que, desde que assumiu funções no Governo Sócrates, o primeiro-ministro o pressionou para demitir a administração do banco público.
"A relação com a CGD não teve um período de maturidade suficiente, porque estive apenas quatro meses no Governo. Desde o início, como ministro das Finanças, fui pressionado pelo primeiro-ministro [José Sócrates] para demitir o presidente da CGD e a administração da CGD", afirmou Campos e Cunha, que não acatou essas orientações.
"Por princípio, acho que deve ser dado tempo para as pessoas trabalharem e concluírem os seus mandatos", explicou Campos e Cunha, durante a sua audição na comissão parlamentar de inquérito à gestão da CGD, dando como exemplo o facto de não ter demitido nenhum director geral durante a sua curta passagem pelo executivo socialista, em 2005.