18 jan, 2017 - 06:48 • José Pedro Frazão
O antigo ministro do PSD Nuno Morais Sarmento discorda de um eventual voto contra do PSD na apreciação parlamentar do diploma que concretiza a redução da Taxa Social Única para as entidades empregadoras como contrapartida do aumento do salário mínimo.
" Por causa daquela que é a história do PSD relativamente à TSU, podia abster-se numa posição intermédia, para não ficar com responsabilidades", afirma o militante social-democrata no programa "Falar Claro" da Renascença. Sarmento diverge da consequência anunciada da posição do líder do PSD, que tem repetido que não será "muleta" do Governo num diploma que é contestado pelos partidos à esquerda que apoiam o Executivo de António Costa.
Em tudo o resto, Sarmento apoia a posição da liderança do seu partido. " Pedro Passos Coelho diz, em primeiro lugar, que não faz sentido o Governo avançar com propostas que sabe que na coligação que o sustenta não são aceites, contando que a oposição os venha a viabilizar", insiste o antigo ministro social-democrata.
"Esta não é a medida que Passos propôs"
Nuno Morais Sarmento sublinha que o PSD não mudou de posição. "Aquilo que o PSD tinha proposto não tem nada a ver com isto", argumenta o antigo ministro na Renascença. O comentador considera que a alternativa à medida do Governo " que significaria uma boa governação" seria a ligação do aumento do salário mínimo ao aumento da produtividade.
O advogado observa que o Governo "não orçamentou esta despesa", pelo que o orçamento da Segurança Social "cuja fragilidade todos nos queixamos, vai suportar estes valores".
Já José Vera Jardim, parceiro do debate político da Renascença, atribui a posição de Passos Coelho à situação interna do partido.
" Passos Coelho enche o peito e diz que não estamos aqui para servir de muleta ao Governo. Como António Costa disse, qualquer dia o PCP faz uma proposta para Portugal sair da Nato e o PSD certamente não defende o Governo, que votará contra", contrapõe o antigo ministro do PS.
Morais Sarmento responde com afirmação da sua independência dentro do partido. "Como bem se vê pelas minhas posições, não estou aqui vestido da pele de porta-voz da direcção do PSD", anota o comentador que valoriza menos a questão do voto do PSD face à crítica de base à opção do Governo.
"Aquilo que importa é o resultado para os portugueses. Esta é uma má solução, vai no caminho errado, no caminho inverso que tínhamos começado a traçar. Corresponde à lógica socialista do 'gasta-se hoje e logos e vê quem e quando se paga', a lógica socialista de gastar duas vezes o mesmo dinheiro", remata Morais Sarmento.