18 jan, 2017 - 06:47
O histórico socialista José Vera Jardim não concorda com a solução apoiada pelo Governo , que passa pela descida da Taxa Social Única para as entidades empregadoras para viabilizar um aumento do salário mínimo nacional. O militante do PS defende que a contrapartida deveria ter origem no Orçamento de Estado e não na descida da TSU, entre outras alternativas à medida tomada pelo Governo que apoia.
" Há outras alternativas. Por exemplo que houvesse um pagamento superior por parte de empresas que têm rendimentos ou lucros acima de determinado valor. Há várias propostas que podem ser trabalhadas nessa margem. Esta não me parece a melhor", afirma Vera Jardim no programa "Falar Claro" da Renascença.
O antigo ministro do PS preferia outra medida, mas se estivesse na Assembleia da República votaria a favor, ainda que com uma declaração de voto a sublinhar insatisfação com a alternativa encontrada.
" Nestas circunstâncias, votava [a favor]. Alguém tem que pagar. O que está em causa é conseguir um salário mínimo que se aproxime do decente, que foi aceite pelo patronato, sendo que este exigiu alguma coisa em contrapartida. Encontrou-se esta solução. Terá sido a melhor ? Em minha opinião, não", sublinha Vera Jardim, insistindo na sua preferência por outras soluções "porventura mais equilibradas e que não fossem prejudicar o equilíbrio da segurança social".
Em defesa da "decência"
Vera Jardim justifica o seu voto a favor - caso fosse deputado - em nome da dignidade dos salários que se praticam em Portugal.
" É preciso que este pais tenha decência. Decência inclui também salários mínimos comportáveis pelas empresas, aceites pelos empresários e representantes do patronato, que permitam às pessoas - sabemos que com 570 e tal euros não se vive 'à grande' mas mesmo bastante mal - esse é um dos problemas que o país tem. Era por isso que eu, apesar de tudo, votaria a favor", justifica-se Vera Jardim.
O antigo deputado do PS questiona-se "se os vários partidos se vão encontrar na votação das resoluções, exactamente como se estão a encontrar na questão de princípios". Vera Jardim admite mesmo que o PSD "pode não alinhar com a esquerda" por causa da fundamentação das resoluções de PCP e Bloco de Esquerda.
Já Nuno Morais Sarmento conclui que o Governo de António Costa está a "brincar à política" ao propor uma medida que dificilmente passa na sua própria base de apoio parlamentar.
" Nunca vi - e já estive num governo de coligação - o governo ter uma iniciativa que sabe que é chumbada na coligação mas não tem problema porque 'a oposição que vote'. A contradição é esta", sublinha o antigo ministro social-democrata, para quem o Governo não deve propor "aquilo que vai colocar Pedro Passos Coelho numa situação mais ou menos difícil".