10 fev, 2017 - 11:35
O primeiro-ministro, António Costa, mantém confiança no ministro das Finanças, Mário Centeno, acusado pela oposição de ter mentido no Parlamento acerca da polémica com as declarações de rendimento e património.
"O doutor Paulo Rangel e o PSD e o CDS dedicam-se às tricas, nós dedicamo-nos a resolver os problemas do país. Precisamos de um sistema financeiro estável e trabalhamos para ter um sistema financeiro estável", afirmou o primeiro-ministro, reiterando "confiança" no ministro das Finanças, cuja demissão "está fora de questão".
“Por isso, confiança no ministro das Finanças, admiração de todo o país pelo trabalho que tem vindo a ser feito, não vou perder tempo a dedicar-me àquilo que são tricas, e sobretudo vamos fazer aquilo que temos que fazer: termos uma CGD forte e bem administrada”, afirmou Costa, que falava após uma visita a uma fábrica de produção de componentes de automóveis, em Vila Real.
“Nós não podemos perder tempo com tricas, temos de nos concentrar no essencial e o que é essencial é termos uma CGD forte, continuar a reduzir o défice, aumentar as exportações e o emprego”, diz.
Para o primeiro-ministro, PSD e CDS-PP “não têm nada de substancial a dizer” e que, por isso, “dedicam-se àquilo que ontem (quinta-feira) a doutora Manuela Ferreira Leite dizia, e com muita propriedade, serem pequenas tricas”.
António Costa acrescentou que “quando ouvem essas tricas sobre o ministro das Finanças” o que as pessoas verdadeiramente “vêem no ministro das Finanças é um referencial de confiança”.
“Ele conseguiu o menor défice de sempre da nossa democracia, honrou o nosso compromisso de virar a página da austeridade e está a criar condições para que as empresas possam investir”, acentuou.
António Costa elencou ainda o “excelente trabalho” de Mário Centeno “relativamente a um desafio que tinha sido adiado pelo anterior Governo e que tem a ver com a estabilização do sistema financeiro”.
“Uma após outra, serenamente, cada uma das instituições financeiras tem vindo a encontrar a boa solução. Ainda esta semana foi concluída com sucesso a OPA do BPI, a semana passada tinha sido concluída a operação de capitalização do Millennium, a CGD tem hoje autorização da União Europeia para podermos capitalizar de forma a ser um banco 100% público e um referencial de estabilidade”, afirmou.
E frisou ainda que a CGD tem “hoje uma administração que cumpre a lei, as regras da transparência e que está concentrada na execução do plano de negócios da CGD”.
Centeno é alvo
O CDS, pela voz do deputado João Almeida, considerou na quinta-feira que o ministro das Finanças mentiu à comissão parlamentar de inquérito, o que pode ter consequências penais.
O Ministério das Finanças respondeu, acusando o CDS de realizar uma "vil tentativa de assassinato de carácter" de Centeno.
O PSD apresentou esta quinta-feira um requerimento potestativo para ouvir novamente o ministro das Finanças na comissão parlamentar de inquérito sobre a gestão da CGD. O eurodeputado do PSD Paulo Rangel também acusa o ministro das Finanças de mentir e, em declarações à Renascença, pediu a sua demissão.
Já o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, tomou como boa a posição do Governo nesta polémica.
“Estou convencido do seguinte: que não há nada, que eu tenha conhecimento, assinado pelo primeiro-ministro ou pelo ministro das Finanças defendendo uma posição que para mim era impensável, porque era óbvio que tinha que haver entrega da declaração de rendimentos e património”, disse Marcelo.