16 fev, 2017 - 17:55
O conselheiro de Estado António Lobo Xavier confirma que foi ele a dar conta ao Presidente da República da existência de mensagens entre Mário Centeno e António Domingues sobre a entrega ou não de declarações de rendimento e património dos administradores da Caixa Geral de Depósitos ao Tribunal Constitucional.
No programa “Quadratura do Círculo”, que vai para o ar na SIC Notícias esta quinta-feira à noite, Lobo Xavier assumiu o contacto pessoal com o Presidente depois de Marcelo, na semana passada, ter defendido o ministro das Finanças e o Governo.
“O Presidente da República teve conhecimento das informações que eu tinha através de um contacto pessoal comigo. Eu próprio perguntei se estava autorizado, ou se poderia confirmar, porque estava numa situação relativamente delicada se me perguntassem, por estar exposto”, afirma Lobo Xavier, que é administrador no BPI, banco de onde António Domingues saiu para presidir à Caixa Geral de Depósitos.
O conselheiro de Estado diz que as mensagens confirmam aquilo que sempre disse sobre este assunto, apontando para a existência de um acordo entre Centeno e Domingues.
"Eu sempre disse que a minha leitura dos textos, fosse qual fosse a natureza ou suporte dos textos, revelava a existência de um acordo ou de um entendimento para uma solução que dispensasse António Domingues das declarações. Sempre disse isso, mantenho isso. Não vou pronunciar-me sobre o que os jornais e as televisões dizem sobre hipotéticos conteúdos de SMS, o que digo é que esse material confirma, do meu ponto de vista, aquilo que sempre pensei", afirma Lobo Xavier.
As mensagens referidas por Lobo Xavier são também usadas por João Galamba, deputado e porta-voz do PS para as Finanças, mas para criticar o Presidente da República.
“O Presidente da República está profundamente implicado nisto. O que ele tentou fazer, na segunda-feira, político hábil como é, foi tentar demarcar-se e desresponsabilizar-se de algo que é responsabilidade sua”, afirmou João Galamba no programa do Canal Q e da TSF “Sem Moderação”.
“Tudo aquilo de que é acusado Mário Centeno pode Marcelo Rebelo de Sousa, o Presidente da República, ‘ipsis verbis’, ser acusado da mesma coisa”, acrescentou o deputado socialista.