22 fev, 2017 - 15:53
O ministro dos Negócios Estrangeiros rejeitou, esta quarta-feira, que Portugal tenha recuado na posição sobre a central de Almaraz, realçando que o acordo alcançado com Espanha permite acesso ao projecto do armazém de resíduos nucleares e impede a sua construção.
A Comissão Europeia anunciou esta terça-feira que os governos de Portugal e Espanha alcançaram uma "resolução amigável" para o litígio em torno da central nuclear de Almaraz, com Lisboa a retirar a queixa que apresentara a Bruxelas pela construção de um armazém de resíduos nucleares, alegando que Madrid deveria ter feito um estudo de impacto ambiental transfronteiriço.
Esta quarta-feira, Augusto Santos Silva reiterou que Portugal mantém o direito de reapresentar a queixa, afirmando que está em causa "uma suspensão" durante os próximos dois meses.
"Ao fim dos dois meses, faremos o balanço. Se Portugal entender que continua a ter motivos para que a queixa prossiga o seu curso, a mesma mão que assina a carta a retirar a queixa, assina a carta a repô-la", garantiu.
O tema foi abordado pelos vários partidos durante uma audição do ministro na comissão parlamentar de Assuntos Europeus.
Em declarações aos jornalistas no final da reunião, Santos Silva insistiu que o acordo foi "um passo positivo" e disse não compreender o argumento de que o Governo português recuou.
"Antes do acordo de ontem [terça-feira], Portugal tinha uma queixa apresentada em Bruxelas. Não tinha nem informação nem a possibilidade de visitar [a central] (...) nem tinha nenhum compromisso do lado espanhol. A partir do acordo, Portugal mantém o seu direito de interpor acção junto das instâncias judiciais competentes e, em cima disso, tem informação, tem visita, tem inspeção, tem o envolvimento da Comissão Europeia e tem compromissos do lado espanhol", sublinhou.
Com este acordo, Madrid "compromete-se a não tomar nenhuma medida quanto à construção prevista do armazém que Portugal ou a Comissão Europeia considerem irreversível e a não tomar nenhuma medida que comprometa o resultado do trabalho conjunto a realizar nestes dois meses", acrescentou.
Santos Silva adiantou que a visita técnica à central se realizará já na próxima segunda-feira, com representantes das autoridades portuguesas e das direcções-gerais da Energia e do Ambiente da União Europeia, bem como do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.