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Notícia Renascença

Novo Banco: 400 despedimentos, menos 55 balcões e o Estado a garantir tudo

28 mar, 2017 - 23:31 • Paulo Ribeiro Pinto , Paula Caeiro Varela

Governo deu esta terça-feira informações aos partidos e quer ter o negócio totalmente fechado até Junho.

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A entrega do Novo Banco ao fundo americano Lone Star deve implicar o encerramento de 55 balcões e o despedimento de cerca de 400 trabalhadores, apurou a Renascença.

As contas ainda não estão completamente fechadas porque a Lone Star ainda está a terminar o plano de reestruturação do banco, mas estes foram já os números avançados pelo Governo nas reuniões que teve com os vários grupos parlamentares e aos quais transmitiu o essencial do negócio que quer fechar até Junho.

De acordo com as informações recolhidas pela Renascença junto dos partidos, o negócio implica responsabilidades pesadas para o Estado, seja na participação directa, seja por intermédio do Fundo de Resolução (fundo que junta os restantes bancos e que é o actual “dono” do Novo Banco, mas que tem sido financiado por empréstimos do Estado).

Em primeiro lugar, até à venda, qualquer custo resultante de processos na justiça pela resolução do BES é assumido exclusivamente pelo Fundo de Resolução. Numa futura venda do Novo Banco, é também o Fundo de Resolução a assumir as perdas, que o Estado financiará através de um empréstimo, mas cujas condições não se conhecem ainda.

A intervenção do Fundo de Resolução no Novo Banco implicou um empréstimo do Estado no valor de 3,9 mil milhões de euros. A expectativa seria que a venda do Novo Banco permitisse reembolsar o Fundo de Resolução e, consequentemente, o Estado. Mas o processo tem-se vindo a arrastar, devido à falta de interesse no negócio.

Agora, o Governo, depois de parecer do Banco de Portugal, optou por finalizar o negócio com a Lone Star, que vai ficar com 75% do Novo Banco. Os restantes 25% ficam nas mãos do Estado através de acções ordinárias, mas sem direito à nomeação de administradores.

Durante cinco anos, a Lone Star só pode vender activos com autorização do Fundo de Resolução e os critérios de registo de imparidades, ou seja, dos créditos em risco, não podem ser mudadas durante dois anos.

A Lone Star, por seu lado, terá dado informação de que pretende manter a posição do Novo Banco em Espanha.

O negócio prevê por outro lado a criação de Comité de Monitorização com poderes especiais sobre informação geral de crédito, imparidades e contas do Novo Banco, mas sem acesso a informação individual.

Reuniões com todos

O Governo reuniu-se esta terça-feira com os vários partidos, com os quais partilhou estas informações. Nos encontros esteve também o ex-secretário de Estado dos Transportes do Governo PSD- CDS, Sérgio Monteiro, agora consultor para a venda do Novo Banco. Na reunião com o PSD, esteve presente a ex-ministra das Finanças Maria Luís Albuquerque, que estava em funções quando foi decidida a divisão do Banco Espírito Santo em dois e a intervenção do Fundo de Resolução naquele que viria a ser o Novo Banco.

Nas informações que deu aos partidos, o executivo acrescentou que não há qualquer injecção de capital este ano e que no futuro serão feitas de acordo com a apresentação dos relatórios e contas.

Nessas reuniões, também foram avançados alguns cenários com o mais pessimista a representar a perda total dos 3,9 mil milhões de euros injectados em 2014. Neste caso, o banco será vendido no futuro com um encaixe de 562 milhões de euros para o Fundo de Resolução e o triplo do valor (1.686 milhões) para a Lone Star.

Neste cenário, o Estado ficará “preso” ao banco no mínimo sete anos, impedido de vender ou dispersar em bolsa os 25% de capital. O Fundo de Resolução teria ainda de fazer uma nova injecção de capital no montante de 1,6 mil milhões de euros, representando uma perda adicional de 1,1 mil milhões.

O Governo, como o primeiro-ministro avançou esta terça-feira, quer assinar até ao fim desta semana o acordo para a venda do Novo Banco e ter o negócio totalmente fechado até Junho. E ainda não sabe se o negócio terá de passar de alguma forma pelo Parlamento.

Caso tenha de passar, o Executivo vai enfrentar dificuldades, pois o PSD e o CDS já fizeram, esta terça-feira, saber aos socialistas que se entendam com a maioria de esquerda que têm no Parlamento. E os partidos que formam essa maioria de esquerda também já foram claros a dizer que o que querem é a nacionalização do Novo Banco e que, caso o Governo tente fazer o negócio por decreto o chamam ao Parlamento para apreciação parlamentar.

Esta terça-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, questionado sobre se o negócio irá ou não ao Parlamento, lembrou que a Assembleia da República tem poder de fiscalização sobre todos os actos do Governo.

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  • Manuel Joaquim
    31 mar, 2017 Constância 17:09
    tem-se falado muito sobre BES ,Llesados dos BES mas ainda não vi nada escrito sobre os pequenos accionistas?O que lhes vai acontecer? Serão eles pelos vistos que terão de pagar a "factura" o seu dinheiro não era igual ao dos outros ou são considerados lixo?
  • Luis
    29 mar, 2017 Lisboa 22:02
    A Esquerda dos Trabalhadores a dar (isto não é uma venda) um banco, pago pelo contribuinte, que está no universo do estado, a um dos símbolos máximos do imperialismo capitalista (fundo abutre), detido por alguém que teve vários processos fiscais, num negócio ruinoso para o Estado. Que ironia!!!!
  • Pois é Oh P.God----
    29 mar, 2017 O tal do rqt-pa-ta 12:43
    Mais 400 desempregados. O que é realmente triste é isto, despedem-se pessoas como se descarta uma coisa inútil. Disseste bem oh Lourenço "estamos debaixo da pata de Bruxelas ou da UE, a máfia onde nos metemos" Agora o pedro godinho vai-lhe criticar e dizer que o que seria de nós sem esta pata de elefante contra a formiga (portugal) Ainda vá dizer que abras os olhos como me disse por criticar a u.europeia, como não houvesse gente na extrema pobreza nesta u.europeia ou como se esta u.europeia não fosse um entrave ao nosso desenvolvimento. Das duas uma ou tem pala nos olhos e só enxerga para a frente ou deve ser dos tais que comeu também dos subsídios...
  • VICTOR MARQUES
    29 mar, 2017 Matosinhos 12:03
    O Estado ou os contribuintes???!!!
  • Jorge
    29 mar, 2017 Sintra 11:50
    Povo português está a sofrer muito! A razão; a moral e a ética, enquanto, guardiãs da dignidade e da defesa dum povo e de um país estão literalmente, a serem derrotadas.....
  • Pedro Godinho
    29 mar, 2017 Lisboa 10:27
    É desta que a geringonça vai ao ar..?
  • Lourenço
    29 mar, 2017 Almada 09:25
    Eu sou cliente do BES, agora Novo Banco há quase 20 anos. Custa-me ver o que se está a passar, não pelo dinheiro que lá tenho que é muito pouco mas pelos negócios que andam a querer fazer em que mais uma vez muita gente, principalmente empregados vão sofrer com isso. Eu não faria nada disto que querem fazer. Não sei se isto que eu penso é possível, já que estamos debaixo da "pata" de Bruxelas ou da UE, a máfia onde nos metemos, mas se fosse possível o que eu faria era o seguinte:- Tal como vejo fazer a grandes empresas que de repente se estão a ir abaixo e fundem-se ou unem-se, como temos visto no ramo automóvel, também aqui acabava com o Novo Banco, incluía-o na CGD e talvez assim já não fosse preciso fechar tantos departamentos nem de um nem de outro e era mais fácil reintegrar os empregados. Penso que se fosse possível, era o ideal! Agora se há negócios ou outras situações por detrás que eu desconheço, aí já não sei!
  • Zé das Coves
    29 mar, 2017 Alverca 08:42
    Em 1º lugar, 4mil Milhões já voaram, não esta ninguém preso, 2º porque é que alguém compra o banco ? porque pelo menos tem espectativas de ganhar ! se o Estado Português é que tem a responsabilidade , porque não ficamos nós com o banco ? ou seja oferecemos o banco e ainda ficamos presos ao banco durante 7 anos ! que grande negocio!
  • 29 mar, 2017 aldeia 07:54
    A seguir será o montepio?Mas quando é que esta saga acaba? E porque não são os banqueiros julgados,condenados e presos? Só há justiça para o zé?
  • sergio santos
    29 mar, 2017 Paço de Arcos 05:35
    Mais uma situação insustentável de grave ataque à soberania nacional. Como se já não bastasse a população ter que pagar as falências de todos os Bancos em vez desse dinheiro ser investido em Educação, Saúde e na melhoria das condições d vida dos portugueses...

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