24 abr, 2017 - 12:59
O ex-ministro dos Negócios Estrangeiros Rui Machete entende que os resultados eleitorais em França são uma boa notícia para a Europa. Macron, diz Machete em declarações ao programa Carla Rocha - Manhã da Renascença, “é, praticamente, o único candidato de relevância, ou de alguma relevância, que se manifesta a favor de uma reforma positiva na União Europeia”.
Rui Machete assinala que o candidato independente, que passou à segunda volta com Marine Le Pen, é o único que resiste a fazer “uma crítica de tal modo derrotista que não se adivinham hipóteses de possível recuperação do projecto europeu”.
“Até o próprio Fillon não era propriamente um europeísta, como se viu na sua campanha eleitoral”, sublinha o antigo ministro. “Isso é muito importante para a Europa, e é preciso aproveitá-la neste momento.”
“Há ideias, que ainda não são muito claras, sobre como é que isso poderá ser aproveitado, mas a maior solidariedade entre os países europeus vai ser necessária. O problema da nossa dívida e da dívida dos países do sul tem de ser tratada de outra maneira e há esperanças de que a Alemanha perceba que tem de fazer alguns sacrifícios, embora os países do sul não possam pretender obter tudo de graça ou passar uma esponja sobre um passado que não foi brilhante do ponto de vista macroeconómico e do financiamento do Estado”, sublinha.
Rui Machete, entende que uma segunda volta entre Macron e Le Pen acaba por ser o melhor resultado. “Foi um primeiro passo muito significativo, porque estaríamos hoje com uma cara muito diferente, penso eu, se a Marine Le Pen tem obtido uma maioria tão significativa que prometia que já ganhava as eleições ou que ficaria muito perto.”
“Foi o par melhor que poderia acontecer para quem acha que seria muito grave que a extrema-direita ganhasse em França”, rematou.
Assis: Mau resultado dos socialistas é culpa da escolha do candidato
Na opinião do eurodeputado Francisco Assis, o resultado - em particular do Partido Socialista francês – surge de uma má opção na escolha do candidato ao Eliseu. Para o eurodeputado socialista, o resultado de Benoit Hamon já era previsível.
“Estou convencido de que haverá alguns, em Portugal, que vão tentar dizer que o resultado é fruto da acção do presidente François Hollande. Resulta de uma escolha por um candidato que não correspondia hoje às grandes preocupações dos franceses, com um discurso muito extremista”, aponta.
“De certa maneira”, considera Francisco Assis, “houve uma cedência do PS francês [àquela] certa moda radical que se instalou nalguma parte da esquerda europeia”.
Já da parte do Governo português, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, diz esperar que ganhe o candidato favorável à Europa, ou seja, Emmanuel Macron.
Na leitura de António Monteiro, ex-ministro dos Negócios Estrangeiros e antigo embaixador em Paris, os resultados da primeira volta das presidenciais traduzem uma escolha moderada por parte dos eleitores depois de uma campanha marcada pelo extremismo tanto à esquerda como à direita.