22 jun, 2017 - 00:25
A ministra da Administração Interna não se demite. Em entrevista à RTP3, Constança Urbano de Sousa esclareceu que, “enquanto tiver a confiança do primeiro-ministro, não me demito”.
"Não ponderei a minha demissão por uma razão muito simples: Apenas estive focada em estar aqui, em resolver problemas e enfrentar a adversidade. Estar aqui foi muito importante, foi extremamente importante para todos estes homens que trabalharam aqui arduamente ver que eu também estava aqui a trabalhar. Um comandante nunca abandona os seus homens".
A tragédia do incêndio de Pedrógão Grande, que provocou 64 mortos e mais de 200 feridos, foi o momento “mais difícil não só do mandato, como da vida”.
“Era fácil demitir-me, rolava uma cabeça e o problema continuava”, referiu, considerando que “teria sido cobarde fugir da adversidade”.
A ministra da Administração Interna admitiu a possibilidade de instaurar um inquérito ao incêndio, mas para tal necessita de obter todos os dados sobre aquilo que se passou. Segundo a ministra, o que aconteceu foi um fenómeno “absolutamente anormal”.
"É algo que não estou a excluir neste momento. Preciso de ter dados sobre a actuação da GNR e da Autoridade Nacional de Protecção Civil (ANPC) e de ter indícios que me permitam fazer um inquérito", disse.
Constança Urbano de Sousa adiantou que, neste momento, ainda não dispõe "daquilo que se chama a fita do tempo porque o teatro de operações ainda não terminou".
Alertas subvalorizados?
Segundo a ministra, a fita do tempo vai dizer "quem é que fez o quê e a que horas". "Essa fita do tempo fecha-se no momento que este incidente terminar e eu não excluo que possa haver um inquérito", afirmou, sublinhando que necessita de saber o que aconteceu ao nível local e nacional.
"Preciso de dados que ainda não disponho. Neste momento, ainda estou muito concentrada em acabar com este incêndio", sustentou, considerando que se justifica "uma investigação independente", que pode ser feita por uma comissão parlamentar.
A ministra disse também que a GNR já instaurado um inquérito interno para apurar a questão porque não foi encerrada a estrada Estada Nacional (EN) 236-1, apelidada agora de "estrada da morte" e onde morreram várias pessoas encurraladas pelas chamas entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos.
Para a governante, a explicação dada pela GNR ao primeiro-ministro já é "alguma coisa", mas o inquérito interno "terá que ser mais conclusivo".
Na entrevista, Constança Urbano de Sousa disse que alerta de prontidão da ANPC tem que ser "avaliado de uma forma mais aprofundada" e admitiu que possa ter "havido uma subvalorização da avaliação" das condições meteorológicas.
A ministra sublinhou igualmente que das informações preliminares que dispõe o SIRESP (Sistema Integrado de Redes de Emergência e Segurança de Portugal) não falhou totalmente, avançando que às 20.00 de sábado foram mobilizadas duas redes moveis satélite para assegurar a rede da SIRESP.