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Hora da Verdade

Santana sobre incêndios. Marcelo deveria pedir desculpa ao país em nome do Estado

29 jun, 2017 - 00:34 • Graça Franco (Renascença) e David Dinis (Público). Vídeo: Teresa Abecasis e Conceição Sampaio. Fotografia: Daniel Rocha/Público

Pedro Santana Lopes considera que o Presidente da República já deveria ter pedido desculpas no seguimento da tragédia de Pedrógão Grande. Os problemas no SIRESP também foram abordados pelo ex-primeiro-ministro.

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Os incêndios, este incêndio, colocou o Governo de António Costa em risco?

Uma situação destas é sempre muito complicada para qualquer Governo. Naturalmente há coisas que não se deviam ter passado. Não quero entrar em especulações, mas conheço bem aquela zona, aquelas terras. Há decisões que custam a compreender, mas só os próprios é que poderão em inquérito explicar: como é que se diz que não pode ir para o IC8, que permite uma inversão de marcha, e se pode ir para estradas com cerceamento de matas e pinhais maior... Esta situação merece esclarecimento, mas não pelas rotinas da política. Justifica-se uma grande convergência entre os partidos, também para o apuramento das causas. E depois, se se chegar à conclusão de que houve responsáveis que falharam, então que se entre por essa via. Agora, sem se saber as falhas ao certo é andar com a carroça à frente dos bois. É por isso que isto das culpas é desgastante, não me interessa nada.

Ouviu Pedro Passos Coelho relativamente aos suicídios? Até onde foi infeliz o líder do PSD naquela declaração?

Não gosto de criticar quem já pediu desculpas. Acho que pedir desculpa é muito bonito e talvez façam falta mais alguns pedidos de desculpa em Portugal, nomeadamente pela tragédia, em nome do Estado.

Quem mais devia ter pedido desculpa?

Quem representa o Estado. O Presidente da República, por exemplo, que tem estado muito bem em todo este processo, mas ele saberá quando o fazer.

Marcelo Rebelo de Sousa pediria desculpa de quê?

Das falhas, porque algo falhou, isso já é manifesto. Do Estado não ter sido capaz de fazer tudo quanto as pessoas tinham direito que fizesse. Mesmo que estivesse tudo bem, que não está, um pedido de desculpas era devido. As pessoas têm direito a esperar que o Estado tome conta delas, quando lhes acontece uma tragédia. As pessoas gostam de ouvir isso. Mas o Presidente, se há parte em que não falha, é nos afectos.

O seu Governo também foi referido no caso dos incêndios, por causa do SIRESP, uma PPP que foi assinada no tempo do seu governo numa condição polémica, quando estava já em gestão. Qual era a pressa?

Lá está, era um processo que vinha do governo anterior. O SIRESP... na altura eu também não acompanhei o processo. Sabe, 10 ou 12 anos depois é muito difícil as pessoas lembrarem-se.

Não se recorda das razões para haver pressa?

Não. Houve coisas que eu soube já depois de sair do Governo. É preciso as pessoas lembram-se assim: um dos efeitos da dissolução provocada pelo dr. Sampaio é que os ministros produziram despachos que nem deram conta ao primeiro-ministro. Por um lado ainda bem, pela polémica que suscitaram. Por outro lado...

Foi o caso desse?

Não tenho a certeza. Mas houve outro, o Portucale, que foi confirmado pelos próprios que nunca me deram conhecimento. Mas vamos ver: esse (SIRESP) foi visto de fio a pavio pelo Conselho Geral da PGR, que empatou na votação e foi o então procurador Souto Moura que desempatou. Mas o procedimento foi todo considerado correcto.

Mesmo a cláusula que diz que o SIRESP não é responsabilizável em caso de catástrofe? É uma cláusula um bocadinho original.

Sim, sim. Essa cláusula é. Mas vamos ver: o MAI de então era procurador, tinha sido director do DIAP, adjunto da PJ, quer dizer, era uma pessoa... mesmo depois do governo só tive razões para ter boa ideia dele. Hoje em dia, eu se formasse governo, ia por um método contrário: passava a desconfiar de toda a gente. Hoje em dia já não sei em quem é que se pode confiar neste país, com base em tudo o que lemos.

Está a falar de Daniel Sanches, seu ministro da Administração Interna?

Até pelo seu currículo tinha razões para estar descansado. Em relação ao contrato assinado, ouvi no outro dia que tinha essa cláusula. Mas... (silêncio).

Comentários
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  • Lv
    30 jun, 2017 Lx 21:26
    O Santanete dava um bom sapador bombeiro, apagava o fogo só com faladura!
  • Alberto
    29 jun, 2017 FUNCHAL 17:24
    Dr. Santana...meça suas palavras! Então acha que o "idolatrado", super, infalível e omnipresente Marcelo deveria pedir desculpa? Então não vê que, mesmo esclarecido pelo Sr. Provedor de que foi quem enganou Passos Coelho, foi logo a 2ª pergunta que lhe fizeram? Esse, sim. mesmo pedindo desculpa, não chega...devia era ser queimado ( para a suas queridas TV´s); agora, o QUERIDO LIDER MARCELO? E que tal se lhe perguntassem o que acha do Governo, no meio da catástrofe, mandar fazer sondagens para avaliar a popularidade!! Mesmo que não lhe perguntem sobre isso, fale.
  • mara
    29 jun, 2017 Portugal 16:40
    As desculpas deviam ser pedidas desde por quê esteve no mando desde o 25, destruíram a agricultura, os cantoneiros, guardas-rios, guardas florestais, o interior está desertificado, porque ninguém por ele se tem interessado, as Retenções na Fonte e os IRS levam parte dos rendimentos que dariam para os donos da terra fazerem um pouco de limpeza de matos todos os anos que evitaria fogos e daria trabalho, enfim toda essa gente devia de analisar, tudo o que tem feito de mal e dizer vamos inverter a situação, mas não fazem, apenas as esquerdas culpam as direitas, as direitas culpam as esquerdas, os de baixo culpam os de cima, os de cima os de baixo, vão-se entretendo nas criticas até vir nova tragédia e tudo fica na mesma...
  • Mario
    29 jun, 2017 Portugal 11:43
    Desculpas? Francamente devia era ser responsabilizado por tal pois as desculpas nao ressuscitam mortos devido a incompetências.

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