18 jul, 2017 - 13:30
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O PSD criticou esta terça-feira o "pseudo-relatório" final da comissão de inquérito aos créditos da Caixa Geral de Depósitos (CGD), classificando-o como o "maior branqueamento" da história da democracia, "indigno da função fiscalizadora da Assembleia da República".
Na semana passada, a comissão de inquérito aos créditos e gestão da Caixa Geral de Depósitos rejeitou um requerimento do PSD para suspender os trabalhos até serem conhecidas decisões judiciais que se aguardam, com o CDS a acompanhar os sociais-democratas.
Em conferência de imprensa no Parlamento, esta terça-feira, o líder parlamentar do PSD, Luís Montenegro, lamentou que os partidos de esquerda não aceitem suspender os trabalhos até haver uma decisão judicial que permitisse aos deputados ter acesso aos créditos que causaram o nível de imparidades que o banco público tem.
Montenegro acusou a esquerda de obstrução aos poderes de fiscalização do Parlamento e apontou directamente o dedo aos líderes dos partidos.
"Não estamos a falar só de uma questão parlamentar, mas do regime. O doutor António Costa, a deputada Catarina Martins e o deputado Jerónimo de Sousa conluiados são os responsáveis pelo maior branqueamento do apuramento e do escrutínio político da nossa democracia", afirmou o líder parlamentar do PSD.
"A nobreza da instituição parlamentar e o respeito pelos eleitores não merecem que este assunto fique por aqui", declarou.
O deputado havia sido questionado sobre um eventual pedido do PSD de uma nova comissão de inquérito sobre o banco público, com Montenegro a dizer que no futuro, e não numa altura em que se debate o "pseudo-relatório" dos actuais trabalhos, o PSD ponderará tal cenário.
"Vamos votar contra este relatório. É um relatório que não tem valor absolutamente nenhum", sublinhou ainda, já depois de ter dito que o partido não iria apresentar qualquer proposta de alteração ao texto do relator Carlos Pereira (deputado do PS). "Não participaremos neste disfarce."
Luís Montenegro esteve acompanhado na conferência de imprensa desta manhã por vários parlamentares do PSD ligados à comissão de inquérito, entre os quais o coordenador Hugo Soares.
O relatório final da comissão de inquérito, a cargo do socialista Carlos Pereira, foi apresentado no começo do mês e será votado esta terça-feira em sede de comissão após terem sido apresentadas propostas de alteração de vários partidos que não o PSD.
Sem pressões
O texto inicial do relator afasta a existência de "pressões" da tutela, o accionista Estado, na concessão de crédito, mas admite "erros de avaliação" sobre "determinados créditos", culpando em grande parte a crise do 'subprime' pelos problemas da CGD.
A recapitalização de 2012, é também avançado no relatório, foi "feita pelos mínimos" e devia ter sido "mais robusta e mais reforçada".
A comissão de inquérito debruçou-se sobre a gestão do banco público desde o ano 2000, culminando no processo de recapitalização de cerca de 5 mil milhões de euros aprovado entre o Governo português e a Comissão Europeia, depois de a CGD ter apresentado um prejuízo histórico de 1.859 milhões de euros em 2016.
Ao mesmo tempo, decorre no parlamento uma segunda comissão de inquérito sobre o banco público, esta focada na gestão de António Domingues e na actuação do Governo na nomeação e saída do gestor.