20 jul, 2017 - 13:20
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A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, justificou esta quinta-feira com os princípios da democracia cristã o abandono da coligação com o PSD em Loures, considerando que jamais deixará o partido ser associado ao “racismo” e “xenofobia”.
"O CDS tem um património longo, ainda ontem [quarta-feira] fizemos 43 anos. Basta olhar para a nossa carta fundadora e de princípios para perceber que tudo o que lá está continua a ser actual: princípios fundados na democracia cristã, no respeito absoluto por todo e qualquer ser humano", defendeu Assunção Cristas aos jornalistas, durante uma visita ao bairro do Loureiro, em Lisboa, enquanto candidata autárquica à capital.
A retirada do apoio do CDS ao André Ventura deveu-se às declarações polémicas que o candidato proferiu sobre a comunidade cigana, que motivaram mesmo uma queixa do Bloco de Esquerda ao Ministério Público e à Ordem dos Advogados.
A líder centrista argumentou que também faz parte do património do CDS "defender uma justa atribuição dos subsídios sociais e uma eficaz fiscalização de eventuais abusos nesses mesmos subsídios sociais", mas advertiu que "coisa diversa é querer associar práticas de abuso a conjuntos específicos de pessoas".
"Isso é racismo, isso é xenofobia, e nós não vamos por essa linha e eu jamais deixaria que o CDS pudesse ser associado a essa linha", declarou.
Questionada sobre o futuro cabeça-de-lista do CDS-PP a Loures, Assunção Cristas disse que os centristas terão "um bom candidato" e estão "a trabalhar nisso".
A número três da lista liderada pelo PSD em Loures, a centrista Isaura Mariño Lourenço, revelou na quarta-feira à Renascença ter recusado encabeçar uma lista própria do CDS-PP, após o abandono da coligação com os sociais-democratas e PPM, sublinhando concordar com as posições assumidas por André Ventura sobre a comunidade cigana.
A distrital de Lisboa do CDS-PP anunciou na terça-feira que vai seguir "um caminho próprio" nas eleições autárquicas em Loures e expressou um "profundo incómodo" pela forma como o candidato se referiu à comunidade cigana.
O presidente social-democrata, Passos Coelho, defendeu na terça-feira à noite que o candidato do partido à Câmara de Loures "clarificou a sua posição", sublinhando que o PSD não tem, nem terá posições racistas ou xenófobas.
"A clarificação que o doutor André Ventura fez de uma entrevista que deu clarifica muito bem a posição, quer dele quer do PSD, quanto à matéria. Eu estou tranquilo quanto àquilo que é a nossa posição, uma posição não racista, não xenófoba: nunca foi, não é e, atrevo-me a dizer, nunca será", afirmou o líder social-democrata.
O secretário-geral do PS e primeiro-ministro, António Costa, considerou, por seu turno, que tal posição de Passos Coelho desonra o PSD.