20 jul, 2017 - 00:00
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"No PSD não há ninguém melhor preparado para liderar o partido do que Passos Coelho e eu digo muitas vezes que também não há no país", afirma Hugo Soares na sua primeira entrevista como líder parlamentar do PSD, ao programa Hora da Verdade da Renascença e do jornal “Público”.
A eleição para a liderança da bancada aconteceu antes das autárquicas e do congresso que se segue. Sendo tão cedo, não condiciona as do partido?
Não vejo que um processo de sucessão possa vir a ser desencadeado. O congresso está estipulado para o início do ano de 2018 e este é o calendário normal - foi antecipado em cerca de 10 dias, permitindo preparar o novo ano parlamentar com tempo.
A liderança do PSD vai a votos no congresso. Ficará na liderança da bancada se, por exemplo, Rui Rio for eleito líder?
Aquilo que podemos antever é que o dr. Passos Coelho concorrerá ao próximo acto eleitoral no partido. Sou-lhe muito franco, não reflecti sequer sobre isso e a minha preocupação, hoje, é continuar a fazer oposição a um Governo que merece ser combatido.
Quando chegar a hora de mudar de líder, será o tempo de Rui Rio ou de Luís Montenegro. E daí esta saída antecipada?
Eu tudo farei para que Passos Coelho volte a ser primeiro-ministro. No PSD não há ninguém melhor preparado para liderar o partido do que Passos Coelho e eu digo, muitas vezes, que também não há no país. E as evidências estão aí: quando temos um primeiro-ministro que tem as prioridades invertidas, cuja primeira prioridade é saber o que o país pensa dele, cada vez tenho maior convicção disso.
Deve ter ouvido Rui Rio dizer, na semana passada, numa das muitas iniciativas que ele tem, que o PSD está hoje pior do que estava. Percebe porquê?
Confesso que não. O PSD tem feito o seu combate político e apresentado o seu projecto alternativo. E tem feito o que compete ao maior partido da oposição, com o maior número de deputados da Assembleia da República (e que ganhou as eleições): apontar caminhos diferentes, dizer o que faria de diferente e denunciar o que tem acontecido. Nas questões da actualidade, que demonstram um falhanço total do Governo, um falhanço total da autoridade do primeiro-ministro e do Governo, uma falta de confiança crescente dos cidadãos no Governo e no Estado. O PSD está no caminho certo para ganhar as próximas legislativas.
As sondagens não o assustam?
As sondagens reflectem uma circunstância momentânea. Quando temos um primeiro-ministro que está absolutamente preocupado com a imagem que o país tem dele, que foi uma grande ilusão, mas hoje é uma verdadeira desilusão, as sondagens são o que menos me preocupa.
Receia um mau resultado nas autárquicas e os seus efeitos?
Não. Eu acho que o PSD vai ter um bom resultado. Estou convencido que vai recuperar câmaras ao PS e que o PS vai ter pior resultado do que teve em 2013. Numa conjuntura em que o PS é poder, que é difícil, não escondemos. O PSD enfrenta muitos autarcas socialistas em primeiro mandato, isso torna o combate mais difícil. Mas o PSD tem capacidade de ir buscar à sociedade civil sempre excelentes candidatos. Estou convencido que vamos ter algumas surpresas na noite eleitoral.
O objectivo que o líder traçou para o PSD é bastante maior do que esse: é vencer o PS em número de câmaras. O que nos diz aqui é que mesmo que isso não aconteça...
Conto ganhar mais câmaras do que ganhei em 2013. Conto que o PSD tenha representatividade maior na Associação de Municípios e na de Freguesias. O presidente do partido estabeleceu o objectivo que deve ser sempre o do PSD: deve almejar sempre ganhar a Associação de Municípios. Sabemos o nosso ponto de partida, as dificuldades que enfrentamos e vamos ver o resultado.
O PSD perder não chega para Rui Rio ter espaço e avançar para a liderança, na noite eleitoral?
Nós, em 2013, fomos copiosamente derrotados nas autárquicas. E Passos Coelho continuou como presidente do partido e como primeiro-ministro. Recordo-me de uma entrevista que dei, em 2012, em que dizia que deveria ser dos poucos maluquinhos no PSD que acreditava que ganharíamos em 2015. Pois parece que o país se transformou num manicómio e nós ganhámos mesmo. Mas ainda não se adaptaram à situação.
De não estarem a governar?
Não é questão de adaptação. O que aconteceu nunca tinha acontecido na história democrática. Julgo até que nunca foi essa a vontade do povo quando foi votar. Isso foi desvirtuado no Parlamento, são as regras democráticas, mas não tenho dúvidas em afirmar que foi uma pena. Porque se Passos Coelho tem continuado como primeiro-ministro tenho a certeza de que o país hoje estava bem melhor.
O candidato do PSD a Loures colocou-se no meio de uma polémica. Já levou o CDS a retirar o apoio. André Ventura é um candidato que o PSD se sinta confortável em apoiar?
Eu não conheço o dr. André Ventura, nunca tive oportunidade de conversar com ele, portanto não lhe posso responder de forma directa. O que sei é que o PSD continuará apoiar o candidato André Ventura por considerar que é o melhor para o concelho de Loures. E o que desejo é que ele possa ter um excelente resultado nas eleições autárquicas.
Leu a entrevista dele ao jornal i? Ou as declarações que ele fez?
Não, não li.
Pois, eu ia perguntar-lhe se se sentia confortável com o que ele disse.
Mas não li, confesso que não li.