09 ago, 2017 - 22:24
O candidato e presidente da Câmara de Oeiras Paulo Vistas acusou esta quarta-feira Isaltino Morais de querer "condicionar o poder judicial" e os tribunais com as acusações sobre ligações existentes com o magistrado que recusou a candidatura.
"O que o doutor Isaltino está a tentar fazer é algo que não se deve fazer, é condicionar o poder judicial, é condicionar os tribunais", afirmou o independente Paulo Vistas.
O presidente da autarquia e candidato do movimento Independentes Oeiras Mais à Frente (IOMAF), considerou que "os tribunais, o sistema judicial, têm mecanismos para garantir a imparcialidade da decisão" e que a resposta deve ser tomada através de recursos.
"O que o doutor Isaltino está a fazer é focar-se em outras candidaturas, mais concretamente nas nossas candidaturas, para exercer uma pressão sobre o poder judicial. É inadmissível", reforçou.
O presidente da autarquia afirmou "estar de consciência tranquila" pela obra que realizou, apesar de admitir que foi "um dos padrinhos" de casamento do magistrado do tribunal de Oeiras que recusou a candidatura de Isaltino Morais.
Paulo Vistas assegurou que só tomou conhecimento da intervenção do juiz na análise das candidaturas quando foi notificado do despacho na terça-feira e que Isaltino Morais também conhece pessoalmente o magistrado "do mesmo sítio", porque antes de enveredar pela magistratura "militou no PSD".
"Portanto, quer eu e quer o doutor Isaltino convivemos, trabalhámos, estivemos com o senhor doutor juiz", reconheceu o autarca, confirmando que o magistrado "fez parte da comissão política do PSD/Oeiras, da qual o doutor Isaltino era presidente da assembleia de militantes".
O recandidato disse ficar triste com as declarações de Isaltino Morais, depois de no passado ter combatido a seu lado "as insinuações" e "os boatos", e que todas as candidaturas devem cumprir o que está na lei.
Em relação a um auto da PSP que registou a recolha de assinaturas da sua candidatura sem que possuísse a identificação dos candidatos, Paulo Vistas explicou que essas assinaturas não foram utilizadas no processo entregue no tribunal.
O presidente da autarquia, depois de durante a tarde de hoje ter acusado Isaltino Morais na rede social Facebook de o ter "difamado", escusou-se a responder se irá actuar judicialmente contra o antigo presidente da câmara.
Paulo Vistas confirmou ainda que a mulher do magistrado "trabalha para uma empresa que presta serviços" aos Serviços Intermunicipalizados de Água e Saneamento (SIMAS) de Amadora e Oeiras, na área laboratorial, mas que nada teve a ver com essa contratação.
O Tribunal de Oeiras rejeitou, na terça-feira, a candidatura de Isaltino Morais pelo movimento Isaltino-Inovar Oeiras de Volta por irregularidades na apresentação das listas de candidatos.
No mesmo dia, Isaltino Morais convocou uma conferência de imprensa para garantir que cumpriu "escrupulosamente a lei" e questionou a imparcialidade do juiz Nuno Cardoso por Paulo Vista ter sido padrinho de casamento do magistrado.
O actual presidente da câmara considera que a "forma mesquinha" manifestada pelo seu antecessor afasta os cidadãos da política.
O Conselho Superior da Magistratura anunciou hoje que vai abrir um inquérito "para cabal apuramento da situação", sobre a alegada relação entre o juiz e o candidato do IOMAF.
Para as eleições de 1 de Outubro em Oeiras foram já anunciados como candidatos Paulo Vistas (IOMAF), Miguel Pinto (BE), Heloísa Apolónia (CDU), Safaa Dib (Livre), Pedro Torres (PAN), Pedro Perestrello (PNR), Ângelo Pereira (PSD/CDS-PP) e Joaquim Raposo (PS).
Os independentes Isaltino Morais (Isaltino-Inovar Oeiras de Volta) e Sónia Amado Gonçalves (Renascer Oeiras 2017) também apresentaram candidaturas mas foram chumbadas pelo Tribunal de Oeiras, embora ambos tenham anunciado que vão recorrer da decisão.