26 ago, 2017 - 22:34 • Eunice Lourenço
António Costa considera que é tempo de acabar com a "trica política" à volta do combate aos incêndios e da política florestal, mas acusou o PSD de só acordar para estes assuntos devido à "tragédia" de Pedrógão e criticou Passos Coelho por "todos os dias critica os bombeiros".
Foi já na parte final do seu discurso na Festa de Verão do PS, que decorreu este sábado em Faro, que o primeiro-ministro e líder socialista falou da questão que tem dominado o Verão. "Foi preciso chegar a tragédia para que outros se juntassem ao debate » sobre a reforma florestal que o Governo tinha lançado em Outubro do ano passado, disse António Costa, acrescentando: "Não acordámos para a floresta a 17 de Junho."
Para o primeiro-ministro, neste momento, a prioridade continua a ser apagar os fogos e apoiar as famílias que têm sido afectadas, mas a "grande prioridade" da próxima década tem de ser a reforma florestal para que a floresta seja uma riqueza do país e não uma causa de desgraça. E convocou para esse trabalho a líder do CDS, que foi ministra da Agricultura durante quatro anos, e "o antigo primeiro-ministro que todos os dias critica os bombeiros". Na Festa do Pontal, Passos coelho tinha responsabilizado o primeiro-ministro pelas falhas no sistema de comunicações de emergência, o Siresp, dizendo que este sistema tem a cara de Costa.
Depois das criticas à oposição, o primeiro-ministro citou o Presidente da República para dizer que "é tempo de parar com as tricas políticas" nestes assuntos e avançar "com coragem" para as reformas que foram aprovadas no Parlamento em Junho, nomeadamente a revisão do registo cadastral.
Já à chegada a esta Festa de Verão, o líder do PS tinha falado sobre os fogos para criticar o PSD por querer conclusões e consequências antes de a comissão independente terminar o seu trabalho. Costa reconheceu que têm sido identificadas falhas no combate aos incêndios, mas garante que estão a ser resolvidas.
Outro aspectos em que o primeiro-ministro criticou o líder do PSD, ainda que sem o nomear, foi no que diz respeito aos estrangeiros. Na Festa do Pontal, há duas semanas, Passos Coelho tinha criticado as alterações à lei da nacionalidade por permitir que "qualquer um" fixe residência em Portugal. Este sábado, António Costa salientou o lugar de Portugal como país de "cruzamento de culturas", onde turistas vêm fazer férias, estudantes vêm de fora para estudar nas universidades e investidores se instalam porque há um clima de confiança.