29 set, 2017 - 14:59
A presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, pediu esta sexta-feira ao primeiro-ministro, que, deixe de fazer intervenções sobre o furto de armas em Tancos, defendendo que "é grave" que não perceba a diferença entre "responsabilidades funcionais" e "responsabilidades políticas".
"Se não tem nenhuma resposta para dar, se insiste em manter um ministro que já não existe aos olhos de ninguém, então o que eu lhe posso dizer é que, por favor, cale-se. Por favor cale-se, porque é demasiado doloroso ver um primeiro-ministro a dizer isto", afirmou Assunção Cristas aos jornalistas.
A líder centrista reagia, assim, às declarações de António Costa em entrevista à TSF, de que o ministro da Defesa, Azeredo Lopes, "seguramente nem sabia o que se estava a passar" em Tancos, "nem pode saber" o que se passa em cada uma das unidades militares.
"O senhor primeiro-ministro espanta-me quando faz comentários desse tipo, porque parece não conhecer os diferentes níveis de responsabilidade. Uma coisa são as responsabilidades funcionais de quem está a fazer em cada momento o trabalho no terreno, outra coisa são as responsabilidades políticas, e é grave que um primeiro-ministro não perceba uma coisa e não perceba outra", defendeu Assunção Cristas.
A presidente do CDS, que tem vindo a pedir reiteradamente a demissão do ministro da Defesa, falava durante uma ação da campanha à Câmara de Lisboa.
António Costa disse à TSF: "Eu cumpri serviço militar, e lembro-me das minhas obrigações de oficial de dia, e tenho a certeza absoluta que se houvesse algum incidente desta natureza em primeiro lugar a responsabilidade seria minha".
"Há uma pessoa que eu sei que não seria, que era do ministro da Defesa que seguramente nem sabia o que se estava a passar nem pode saber, nem tem que saber o que se está a passar em cada uma das unidades", sublinhou.
O furto de Tancos entrou na campanha eleitoral autárquica sobretudo depois de o Expresso ter divulgado, em manchete, um relatório atribuído a "serviços de informações militares", com duras críticas ao ministro Azeredo Lopes e ao chefe do Estado-Maior do Exército Rovisco Duarte.
No mesmo dia, o Estado-Maior General das Forças Armadas disse que o seu centro de informações militares não produziu qualquer relatório sobre o assunto.
No dia seguinte, o primeiro-ministro negou também que algum organismo oficial do Estado tenha produzido o relatório noticiado e o ministério da Defesa desafiou mesmo o “Expresso” a divulgar na íntegra o documento.