03 out, 2017 - 17:01 • Paula Caeiro Varela
O presidente do PSD, Pedro Passos Coelho, anunciou esta terça-feira na reunião da Comissão Política Nacional que não se irá recandidatar ao cargo nas próximas eleições directas, disseram à Renascença fontes sociais-democratas presentes neste órgão.
Passos Coelho põe, assim, um ponto final na reflexão pessoal que anunciou no domingo que iria fazer e também um ponto final na sua liderança do PSD. O ainda líder social-democrata explicará a sua decisão no início da reunião do Conselho Nacional do partido, que está marcada para esta terça-feira às 21h30.
A intervenção inicial de Passos Coelho será aberta à comunicação social, apurou a Renascença.
Esta reunião do Conselho Nacional, o principal órgão do PSD entre congressos, já estava convocada antes das eleições autárquicas e deveria servir para discutir os resultados. Depois, em Novembro, deveria ser convocada nova reunião que, por sua vez, marcaria as eleições directas e o congresso do PSD que, segundo os estatutos do partido decorrem a cada dois anos.
O anúncio de Passos Coelho pode acelerar o calendário, até porque já é conhecida a vontade de Rui Rio de avançar para uma disputa da liderança social-democrata.
Rui Rio deve avançar com uma candidatura à liderança do PSD. O antigo presidente da Câmara do Porto reuniu-se na segunda-feira à noite com várias figuras do PSD em Azeitão, no distrito de Setúbal, e, numa declaração ao "Diário de Notícias", assume que vai continuar a fazer contactos. “O que era notícia é que eu não falasse com ninguém nesta altura”, disse Rio.
A saída de Passos era já pedida por várias vozes importantes do PSD. Logo na noite eleitoral, Manuela Ferreira Leite, ex-presidente do PSD, disse-se "chocada" com os resultados do PSD e concluiu que Passos Coelho "não tem" condições para continuar. Marques Mendes, outro ex-presidente laranja, disse que a vida de Passos seria um "inferno completo", dando como provável a sua saída.
"Um dos piores resultados de sempre"
Passos admitiu no domingo não se recandidatar a novo mandato no partido depois de os sociais-democratas obterem um "dos piores resultados de sempre" na sua história.
"Eu não me vou demitir hoje ou amanhã. Farei uma reflexão aprofundada sobre as condições para me submeter a um novo mandato", disse Passos, este domingo, explicando que essa reflexão será feita com a sua comissão política, mas será, sobretudo, uma reflexão pessoal. "Vou avaliar se politicamente faz sentido ou não propor-me a um novo mandato dentro do PSD”.
“Disse que não me demitiria em resultado de eleições locais e mantenho aquilo que disse, não seria um bom princípio, mas farei a minha avaliação para ver se tenho condições para novo mandato”, disse.
Passos Coelho admitiu que o partido não só não alcançou o objectivo a que se tinha proposto de conquistar mais câmaras e mandatos como deverá, até, ter um resultado inferior ao de 2013, que já tinha sido o pior resultado de sempre dos sociais-democratas em eleições autárquicas.
“Tudo indica que teremos tido um dos piores resultados de sempre do PSD, pior do que teve em 2013”, acrescenta. "O resultado desta noite foi um resultado muito pesado para o PSD e eu não gosto de fugir às minhas responsabilidades", afirmou.