18 out, 2017 - 23:19
A presidente do CDS, Assunção Cristas, desvalorizou as mudanças no Governo, considerando que "não têm qualquer novidade" e insistindo que António Costa "não tem condições" para se manter no cargo de primeiro-ministro.
Assunção Cristas falava aos jornalistas no Palácio de Belém, em Lisboa, após ter sido recebida pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, durante cerca de uma hora, acompanhada pelo líder parlamentar e vice-presidente do CDS Nuno Magalhães e pelo presidente da mesa do Conselho Nacional do partido, Telmo Correia.
Questionada sobre a escolha de Eduardo Cabrita para ocupar o lugar de ministro da Administração Interna e de Pedro Siza Vieira para o substituir como ministro Adjunto, a presidente do CDS respondeu apenas que "essa é uma responsabilidade exclusiva do senhor primeiro-ministro" e que não vê "grande novidade nesses nomes".
"Em todo o caso, a visão do CDS é a de que o senhor primeiro-ministro mostrou que não está à altura para o exercício das funções que desempenha e, por isso mesmo, apresentaremos uma moção de censura ao Governo - agora, enfim, nesta versão com uma pequenina alteração", salientou.
Assunção Cristas afirmou que a moção de censura do CDS ao executivo "baseia-se no comportamento do Governo e do senhor primeiro-ministro até agora", acrescentando: "Achamos que não tem condições para continuar a exercer as funções de primeiro-ministro".
Interrogada se para o CDS-PP as alterações no Governo são uma questão menor, Assunção Cristas reiterou que "não têm qualquer novidade" e que a análise do seu partido é a de que "o senhor primeiro-ministro mostrou que não está à altura do exercício das funções que ocupa".
Na segunda-feira, a presidente do CDS-PP pediu uma audiência com carácter de urgência ao Presidente da República a propósito dos incêndios de domingo, que mataram, pelo menos, 42 pessoas.
Na terça-feira, Assunção Cristas anunciou que CDS iria apresentar uma moção de censura ao Governo, acusando-o de ter falhado em "cumprir a função mais básica do Estado: proteger as pessoas".
Hoje, à saída do Palácio de Belém, a presidente do CDS disse que transmitiu ao Presidente da República as preocupações do seu partido com "a repetição trágica de mortes por virtude de incêndios" e lhe explicou as razões para a apresentação de uma moção de censura ao Governo.
"Entendemos que estamos perante uma falha muito grave do Estado já há quatro meses em Pedrógão, mas de novo gravíssima neste fim de semana, sem que o Governo tenha estado à altura das suas responsabilidades, sem que tenha assumido ou sem que tenha preparado todo o trabalho que poderia e deveria ter feito nestes meses", justificou.
Assunção Cristas defendeu que o Estado falhou "na sua mais elementar função, que é proteger os cidadãos e proteger o território nacional".
Por outro lado, disse ter falado com Marcelo Rebelo de Sousa sobre as indemnizações às vítimas dos incêndios de junho, que provocaram 64 mortos, e referiu que o primeiro-ministro não esclareceu hoje se serão estendidas às vítimas dos incêndios que deflagraram no domingo.
Na sequência da demissão de Constança Urbano de Sousa, hoje de manhã, o primeiro-ministro propôs ao Presidente da República a nomeação de Eduardo Cabrita para o lugar de ministro da Administração Interna.
Em substituição de Eduardo Cabrita, até agora ministro Adjunto do primeiro-ministro, António Costa escolheu Pedro Siza Vieira.
As duas nomeações foram propostas hoje e aceites pelo chefe de Estado, Marcelo Rebelo de Sousa, e a tomada de posse dos novos ministros foi marcada as 9h00 de sábado, no Palácio de Belém.