18 out, 2017 - 09:50 • José Pedro Frazão
Aos olhos do centrista Diogo Feio, a Ministra da Administração Interna pertence já ao passado deste Governo. Ouvido no rescaldo do discurso do Presidente da Republica a partir de Oliveira do Hospital, o antigo deputado do CDS centra a sua atenção nas condições políticas para que António Costa continue a ser Primeiro-Ministro.
"Nesta matéria, quem está em causa não é de todo a Ministra da Administração Interna. Quem está politicamente em causa é o Primeiro-Ministro. Não vamos passar aqui a figuras secundárias", afirma Diogo Feio no programa "Falar Claro" em que debateu a situação política em Portugal com o socialista Vera Jardim.
O dirigente do partido de Assunção Cristas argumenta que a moção de censura - que, admite, pode vir a ser discutida na terça-feira na Assembleia da República - dirige-se frontalmente contra "a circunstancia em que temos um Primeiro-Ministro a menos e um político a mais". Feio argumenta que António Costa perde demasiado tempo a gerir diariamente "factos políticos irrelevantes" e na gestão dos incêndios foi apresentando alibis sucessivos. "Primeiro começou por um trovão, depois tivemos o SIRESP, depois temos o chefe da protecção civil que sai por causa de uma licenciatura e tudo passava incólume", afirma o ex-deputado do CDS.
Marcelo e a censura do CDS
O jurista encontra uma ligação entre a apresentação de uma moção de censura e o discurso presidencial. "Esta moção de censura tem todo o sentido porque o Primeiro-Ministro actual, com esta solução governativa, é totalmente incapaz de corporizar o novo ciclo que o Presidente da República pediu", argumenta Diogo Feio.
Sobre a alegada pressão do Presidente para a demissão da Ministra da Administração Interna, o centrista diz que "é apenas um pormenor", preferindo sublinhar o apelo de Marcelo a" mudar de vida" e a "pedir desculpa".
"O Primeiro-ministro teve uma, duas, três, quatro, cinco oportunidades de o fazer, a Ministra da Administração Interna também teve. Mais do que falarem em férias, mais do que terem comentários desagradáveis para os jornalistas, essa era a única atitude de decência política que devia ter sido tomada".
Diogo Feio sublinha que Marcelo Rebelo de Sousa decidiu falar a partir de Oliveira do Hospital e não a partir do Palácio de Belém. " Não fala de um local onde se está sempre longe daqueles que estão a sofrer. É uma diferença claríssima em relação à comunicação do Primeiro-Ministro", anota o dirigente centrista que para além do estilo do Presidente da República, assinala o "afecto" presente na intervenção de Marcelo e a " perspectiva de futuro" em relação à floresta em nome d uma "discussão desligada do ciclo mediático de Verão".