18 out, 2017 - 09:01
A ministra da Administração Interna, Constança Urbano de Sousa, apresentou o pedido de demissão, que foi aceite pelo primeiro-ministro, anunciou o gabinete de António Costa.
"A ministra da Administração Interna apresentou-me formalmente o seu pedido de demissão em termos que não posso recusar", pode ler-se na nota assinada por António Costa.
No comunicado, o primeiro-ministro agradece publicamente “a
dedicação e empenho com que [a ministra] serviu o país no desempenho das suas
funções”.
A responsável do Governo pela Protecção Civil não resistiu, assim, a toda a problemática em torno dos incêndios. Ao longo dos últimos meses, e sobretudo depois de Pedrógão Grande, Constança Urbano de Sousa tem sido pressionada a abandonar o cargo, mas só agora o fez.
Na carta de demissão, diz a António Costa que "tem de aceitar" o seu pedido, "até para preservar a minha dignidade pessoal".
Na
mesma missiva diz que pediu “insistentemente” para ser libertada das suas
funções após a tragédia de Pedrógão, mas que deu “tempo” ao primeiro-ministro
para encontrar substituto/a, razão pela qual não apresentou formalmente a
demissão.
"Pediu-me para me manter em funções, sempre com o argumento que não podemos ir pelo caminho mais fácil, mas sim enfrentar as adversidades, bem como para preparar a reforma do modelo de prevenção e combate a incêndios florestais, conforme viesse a ser proposta pela Comissão técnica Independente", refere a carta da ministra.
"Manifestou-se sempre a sua confiança, o que naturalmente reconheço e revela a grandeza de carácter que sempre lhe reconheci", acrescenta.
Constança Urbano de Sousa sublinha que aceitou assumir funções no Governo de António Costa "apenas com o propósito de servir o País e o Governo", a que teve "a honra de pertencer".
"Tendo terminado o período crítico desta tragédia e estando já preparadas as propostas de medidas a discutir no Conselho de Ministros extraordinário de dia 21 de Outubro, considero que estão esgotadas todas as condições para me manter em funções, pelo que lhe apresento agora, formalmente, o meu pedido de demissão, que tem de aceitar, até para preservar a minha dignidade pessoal", conclui a ministra na carta enviada a António Costa.
Queda após
declaração do Presidente
Numa mensagem dirigida ao país, na noite de terça-feira, o Presidente da República admitiu que os mais de 100 mortos causados pela vaga de incêndios de Junho (Pedrógão Grande) e do último fim-de-semana são "um peso enorme” na consciência e no seu mandato presidencial.
O Presidente salientou ainda que a moção de censura apresentada pelo CDS implica uma clarificação por parte do Parlamento e pediu um “novo ciclo”, avisando que é preciso identificar o quê e quem melhor serve esse ciclo.
Antes, a presidente do CDS-PP, Assunção Cristas, anunciou antes a apresentação de uma moção de censura ao Governo, pelo que disse ser a falha em "cumprir a função mais básica do Estado: proteger as pessoas".
Leia aqui na íntegra a carta que Constança Urbano de Sousa enviou ao primeiro-ministro.