24 out, 2017 - 15:29
A presidente do CDS, Assunção Cristas, teceu esta terça-feira, no Parlamento, duras críticas à actuação do Governo durante os trágicos incêndios deste verão.
No discurso inicial na apresentação da moção de censura do CDS, Cristas criticou a acção que considera tardia do executivo. "Os anúncios deste fim-de-semana vêm tarde, muitos tirados a ferro pela palavra do Presidente da República e pela censura popular", afirmou Cristas, acrescentando que é a essa "censura popular" a que o CDS quer dar voz.
"Quando o país precisava de um estadista constatou que apenas tinha um político habilidoso", disse, numa referência a António Costa.
A presidente do CDS considerou ainda que o Estado não soube prevenir nem combater os fogos, afirmando que as condições meteorológicas foram "extremas, mas não inesperadas". E concluiu: "Há que apurar responsabilidades políticas até às últimas consequências."
Antes do início do debate, o primeiro-ministro deslocou-se à bancada do PCP para cumprimentar o deputado e dirigente comunista Francisco Lopes, que perdeu um familiar nos incêndios, conforme foi noticiado por vários órgãos de comunicação social.
Costa diz que Governo é o "primeiro responsável"
O primeiro-ministro afirmou que o Governo assume-se como "primeiro responsável" depois da tragédia dos incêndios, mas salientou que a assunção de responsabilidades não pode ser "mero ritual de expiação" institucional, mas um "acto de compromisso".
"Estamos aqui hoje porque a responsabilidade face às tragédias de Pedrógão [Grande, no distrito de Leiria] e de 15 de Outubro têm de ter consequências. Estamos aqui porque o sofrimento das vítimas e dos seus familiares e o sentimento de insegurança dos portugueses exigem uma resposta. Porque a perda de vidas, a destruição de habitações e empresas, a devastação da floresta, não podem ser ignoradas", disse António Costa na abertura do debate da moção de censura ao Governo apresentada pelo CDS-PP.
Para António Costa, "com sentido de dever", o Governo, "como o órgão de condução da política geral do país e o órgão superior da administração pública, assume-se "como primeiro responsável perante a Assembleia da República".
No entanto, de acordo com o primeiro-ministro, a "assunção de responsabilidades não pode ser um mero ritual de expiação institucional", devendo antes ser "um acto de compromisso firme de fazer o que tem de ser feito, de mudar o que tem de mudar, de reparar o que exige reparação".
"O compromisso de enfrentar os desafios estruturais do desordenamento da floresta, do abandono do interior, das alterações climáticas, do mesmo passo que satisfazemos a obrigação imediata de reparar e reconstruir. O compromisso de garantir a segurança dos cidadãos, reduzindo riscos, prevenindo ameaças, alertando para os perigos, protegendo na contingência e socorrendo na calamidade", defendeu António Costa.