26 out, 2017 - 14:53
O líder parlamentar socialista, Carlos César, afirmou, esta quinta-feira, à agência Lusa que as relações entre o Governo e o Presidente da República "são boas" e relevantes para o actual quadro de estabilidade política "e assim devem continuar".
"Não tenho comentários a fazer à notícia. O que sei é que as relações entre o Governo e o Presidente da República são boas e muito relevantes na estabilidade política que o país vive. E assim devem continuar", afirmou Carlos César, que, na qualidade de deputado socialista eleito pelo círculo dos Açores, vai acompanhar a visita de Marcelo Rebelo de Sousa a esta Região Autónoma.
Esta posição foi transmitida por Carlos César, também presidente do PS, depois de confrontado com a notícia publicada hoje pelo jornal "Público", segundo a qual o Governo terá ficado "chocado" com o teor da comunicação ao país feito pelo chefe de Estado na sequência dos incêndios que deflagraram no dia 15 de Outubro e que provocaram 45 mortos.
Já esta quinta-feira, nos Açores, o Presidente da República disse que quem ficou chocado "foi o país" com o que se passou nas últimas semanas.
A declaração do presidente do PS surge também depois de o dirigente socialista Porfírio Silva ter acusado o Presidente da República de "aproveitamento politiqueiro" da tragédia dos incêndios.
Porfírio Silva, membro do Secretariado Nacional do PS, defendeu que Marcelo Rebelo de Sousa "terá aparecido a exigir com voz grossa aquilo que já lhe tinha sido comunicado [pelo Governo] que estava preparado".
"Há que dizê-lo com clareza: Isto configura um inaceitável aproveitamento politiqueiro de uma enorme tragédia que o país viveu e vive. Não pode um órgão de soberania usar as tragédias humanas para passar rasteiras a outro órgão de soberania. Perante este pano de fundo, ainda aparece a uma luz mais sombria o inaceitável espectáculo de emoções que alguns escolheram dar nestes dias", sustentou Porfírio Silva.
Em declarações à agência Lusa, o membro da direção do PS manteve estas críticas ao chefe de Estado, mas defendeu que "não deve haver uma mudança global de atitude nas relações entre o Presidente da República e o Governo".
"Deve haver uma relação institucional positiva entre o Presidente da República e o Governo - e o Presidente da República também tem feito por isso. Mas, temos a liberdade de em cada momento avaliarmos as atitudes de cada um, expressando-a", acrescentou Porfírio Silva.
Na mensagem que dirigiu na semana passada ao país, feita a partir da Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, no distrito de Coimbra, o Presidente da República advertiu que usará todos os seus poderes contra a fragilidade do Estado que considerou existir face aos incêndios que mataram mais de 100 pessoas, e defendeu que se justifica um pedido de desculpa.
Marcelo Rebelo de Sousa prometeu que "estará atento e exercerá todos os seus poderes para garantir que onde existiu ou existe fragilidade, ela terá de deixar de existir".
Depois, exigiu uma "ruptura" com o passado e aconselhou "humildade cívica", afirmando: "É a melhor, se não a única forma de verdadeiramente pedir desculpa às vítimas de Junho e de Outubro - e de facto é justificável que se peça desculpa".
O chefe de Estado defendeu ainda que é preciso "abrir um novo ciclo", na sequência dos incêndios de Junho e do dia 15 de Outubro, e que isso "inevitavelmente obrigará o Governo a ponderar o quê, quem, como e quando melhor serve esse ciclo".