15 nov, 2017 - 20:37 • Susana Madureira Martins
Mesmo antes da visita de Rui Rio à Cova da Moura começar, um morador do bairro, Jorge Humberto, lamentou-se aos jornalistas que o Estado tem desinvestido nesta zona e que isso nota-se sobretudo no policiamento.
Esta quarta-feira, logo à entrada do bairro foi notória a presença de vários agentes da PSP a quem foi descrito todo o itinerário de Rui Rio e que vigiaram de perto a visita.
O antigo autarca encontrou neste bairro, conhecido pelas dificuldades sociais de há décadas, alguns paralelos entre este caso e os que conheceu nos bairros do Porto, mas foi confessando que nessa época viu "coisas muito mais desintegradas do que isto", dizendo mesmo que contava que a Cova da Moura "tivesse problemas muito maiores, de comportamentos sociais desadequados, marginalidade", rematando que este bairro da Amadora "não tem a gravidade de algumas situações” que já visitou, felizmente".
Questionado pelos jornalistas sobre como recuperar um bairro com este tipo de problemas de integração e dificuldades sociais, Rui Rio considerou que "não pode ser aplicado um plano clássico" e que é preciso optar por um plano "específico para esta situação", para que "possam ser combatidos" estes casos de "marginalidade social".
No final da visita de mais de uma hora e já à despedida, um jovem morador da Cova da Moura disse aos jornalistas que a boa notícia é que estávamos "todos a sair dali em segurança".
A permanente sombra de...Marcelo
Ao longo da visita o candidato a presidente do PSD não mostrou grande empatia com quem foi encontrando, fez, de resto pouca conversa, ouviu muito, mas falou pouco.
A despesa da casa foi muito feita por um dos homens de mão desta campanha de Rui Rio. Trata-se de Rodrigo Gonçalves, o líder interino da concelhia de Lisboa do partido, que dizia piadas - a um cão que ladrava sem parar garantiu que se chamava Lopes, em referência a Pedro Santana Lopes, que também é candidato à corrida à liderança do PSD - e terminava frases das pessoas que abordavam Rio.
A dada altura o candidato meteu conversa com um morador, o senhor...Lopes e lá veio à baila a visita que ali fez o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa. Falando por trás das grades do portão da casa, este morador avisou Rui Rio para fazer "qualquer coisa por este bairro, porque o Presidente já nos prometeu alguma coisa", levando Rio a perguntar se era o "presidente da câmara", levando a resposta "não, o Presidente Marcelo", sublinhando o idoso de 90 anos que "todos prometem, mas depois não há nada para ninguém”, ao que o candidato respondeu: "é normal, o costume".
Rui Rio visitou mercearias, diversas associações culturais, o Moinho da Juventude, um dos principais centros de apoio aos jovens da Cova da Moura, situado no topo do bairro e a uma jovem que estava a grelhar carne na rua disse "eu também já virei muitos frangos".