01 jan, 2018 - 19:59 • Filipe d'Avillez
Marcelo Rebelo de Sousa classificou o ano de 2017 como tendo sido "estranho e contraditório".
Falando a partir de sua casa, na tradicional mensagem de Ano Novo, o Presidente sublinhou os grandes sucessos do ano, incluindo a visita do Papa Francisco em Maio, a vitória de Portugal no concurso da Eurovisão e os galardões no Turismo, acentuando contudo a estabilização e o crescimento da economia.
"Entretanto, íamos vivendo, como se de um sonho impossível se tratasse, finanças públicas a estabilizar, banca a consolidar, economia e emprego a crescer, juros e depois dívida pública a reduzir, Europa a declarar o fim do défice excessivo e a confiar ao nosso Ministro das Finanças liderança no Eurogrupo, mercados a atestarem os nossos merecimentos. Tudo isto colocando fasquias mais altas no combate à pobreza, às desigualdades, ao acesso e funcionamento dos sistemas sociais e aconselhando prudência no futuro. Mas permitindo a Portugal apresentar como exemplo a determinação dos portugueses", aifrma.
Esta realidade levou o Presidente a sugerir que "Se o ano tivesse terminado em 16 de Junho, ou tivesse sido por mais seis meses exatamente como até então, poderíamos falar de uma experiência singular, constituída quase apenas por vitórias", mas "um outro ano, bem diverso, se somou ao primeiro".
Marcelo elencou, de seguida, as várias tragédias que se abateram sobre o país, desde a queda de uma árvore no Funchal que matou várias pessoas aos incêndios de Pedrógão Grande, em Junho e os de Outubro, que mataram, no conjunto, mais de uma centena de pessoas, passando ainda pelo furto de material de guerra em Tancos, situações que puseram "à prova o melhor dos portugueses".
Hoje, disse então o Presidente, "importa falar do futuro. O ano que começa tem de ser o ano da reinvenção".
"Reinvenção que é mais do que mera reconstrução material e espiritual, aliás, logo iniciada pelas mãos de muitos – vítimas, Governo, autarquias locais, instituições sociais e privadas e anónimos portugueses. Reinvenção pela redescoberta desse, ou talvez mesmo desses vários Portugais, esquecidos, porque distantes, dos que, habitualmente, decidem, pelo voto, os destinos de todos. Reinvenção da confiança dos portugueses na sua segurança, que é mais do que estabilidade governativa, finanças sãs, crescente emprego, rendimentos. É ter a certeza de que, nos momentos críticos, as missões essenciais do Estado não falham nem se isentam de responsabilidades. Reinvenção com verdade, humildade, imaginação e consistência."
O Presidente concluiu então numa nota de esperança, dizendo que em 2018 urge transformar essas tragédias em "razão mobilizadora de mudança, para que não subsistam como recordação de irrecuperável fracasso."
"Temos de afirmar nesta exigente frente de luta colectiva a mesma vontade de vencer que nos fez recusar a resignação de uma economia e de uma sociedade condenadas ao atraso e à estagnação. Temos de superar o que de menor nos divide para afirmar o que de maior nos une. Temos de ser como fomos nos instantes cruciais das grandes aventuras, dos grandes riscos, das grandes catástrofes, dos grandes encontros com a nossa História", afirmou o Presidente.
"Esta é a palavra de ordem que vem do Povo, deste Povo, do mais sofrido, do mais sacrificado, do mais abnegado. Vem do que ele pensa, do que ele sente, do que ele faz. É, por isso, que, mais do que nunca, acredito nos portugueses, que o mesmo é dizer, acredito em Portugal."