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​Em Nome da Lei

Financiamento dos partidos. “São erros destes que alimentam o populismo”

06 jan, 2018 - 12:46

O polémico processo de alteração da lei do financiamento dos partidos foi o tema em debate no programa Em Nome da Lei desta semana. PS e PSD recusaram o convite para discutir o tema.

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Os populismos alimentam-se de casos como os da aprovação das alterações à lei de financiamento dos partidos, acusa o deputado do CDS António Carlos Monteiro no programa Em Nome da Lei da Renascença.

As alterações ao diploma acabaram por ser vetadas pelo Presidente da República e António Carlos Monteiro diz que Marcelo Rebelo de Sousa esteve bem.

“É evidente que as coisas não correram bem e são erros destes que acabam por alimentar o populismo. O senhor Presidente da República andou bem quando vetou a lei e nós tivemos o cuidado de alertar repetidas vezes que o caminho que foi seguido não era aceitável para o CDS”, afirma António Carlos Monteiro.

As alterações à lei de financiamento dos partidos políticos ficaram envoltas em polémica, desde logo por causa do secretismo com que foi construído o consenso entre as forças políticas que o aprovaram: PS, PSD, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes. Apenas o PAN e o CDS votaram contra.

Os centristas contestam o fim do limite na angariação de fundos. Defendem que a norma tem de cair e estão também contra a possibilidade de os partidos terem mais benefícios fiscais, em resultado da devolução do IVA para todas as suas despesas.

Ao contrário de todos os outros partidos, o CDS, pela voz de António Carlos Monteiro, diz que não está excluído que as novas regras, a serem confirmadas pelo parlamento, não possam ter um efeito retroativo em termos fiscais, beneficiando processos pendentes no Tribunal Constitucional.

Um processo “infeliz” e “sem escrutínio”

Também em tom crítico, o advogado fiscalista Samuel Fernandes de Almeida defende que todo o processo que levou ao veto político do Presidente da República foi muito “infeliz” e “sem escrutínio”.

Samuel Fernandes de Almeida entende que não há nenhuma inconstitucionalidade no diploma, mas defende que, mesmo com a actual redação, a lei de financiamento dos partidos não faz sentido porque premeia quem faz mais propaganda.

O Presidente devolveu à Assembleia da República o diploma com as alterações à lei do financiamento dos partidos políticos. Os deputados podem agora confirmá-lo por uma maioria de dois terços, o que passa sempre por um acordo entre as duas maiores forças partidárias (PS e PSD). Outra solução é alterá-lo, expurgando-o dos pontos contestados por Marcelo Rebelo de Sousa.

O PSD remete uma decisão sobre a matéria para o novo líder que vai sair das directas de dia 13 deste mês e, por isso, o tema só deve voltar ao parlamento no final de Fevereiro ou início de Março.

PCP nega existência de “pacto de regime” no financiamento dos partidos

O PCP é o único partido que defende a confirmação do diploma vetado e é o mais crítico em relação decisão do Presidente da República.

No programa Em Nome da Lei da Renascença, o líder da bancada comunista recusa a ideia de que houve um “pacto de regime”, a benefício das contas dos partidos. João Oliveira diz que a penúltima alteração à lei do financiamento dos partidos foi aprovada por unanimidade, e nem sequer teve debate em plenário.

O deputado comunista rejeita que tenha havido falta de transparência, como alega Marcelo Rebelo de Sousa, e argumenta que nunca se debateu a questão no espaço público porque, até à última da hora, não se sabia se iria de facto haver diploma.

Questionado sobre o impacto positivo nas finanças do seu partido da alteração na lei que prevê o fim do limite na recolha de fundos, João Oliveira revela que, embora o PCP esteja de acordo com ela, não foi o autor da proposta.

BE contra “intoxicação feita contra os partidos políticos”

Já o Bloco de Esquerda (BE) admite que há aspetos a melhorar na lei, nomeadamente, a norma sobre o IVA. O BE considera que não deveria existir devolução do IVA aos partidos porque incorpora uma discriminação entre candidaturas partidárias e candidaturas de grupos de cidadãos eleitores a autarquias locais.

Luís Fazenda admite, no programa Em Nome da Lei, que os bloquistas concordam com a eliminação do limite para a angariação de fundos.

O dirigente bloquista defende que não há qualquer tipo de retroatividade fiscal. O que acontece é que há uma norma transitória que prevê que os casos que estão pendentes no Tribunal Constitucional possam voltar à Entidade de Fiscalização de Contas, que passa a poder aplicar multas.

Luís Fazenda diz que o BE está disponível para melhorar a lei e distancia-se da “intoxicação que foi feita contra os partidos políticos”, admitindo, no entanto, que é difícil não dar razão ao Presidente da República quando fala em falta de transparência e de escrutínio do processo de aprovação das alterações à lei de financiamento dos partidos políticos.

O PSD e o PS declinaram o convite para participar na edição desta semana do programa Em Nome da Lei.

O PAN e o Partido Ecologista os Verdes não foram convidados para este debate.

[notícia actualizada às 19h47]

Comentários
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  • Leonel Santos
    06 jan, 2018 Peniche 19:21
    Inconstitucionalidade não sei se há.Agora uma coisa é certa, eles querem tudo.Na Educação, na Saúde nunca se entendem.Porque será?
  • José Oliveira
    06 jan, 2018 Gondomar 19:08
    E depois estranham que surjam pessoas a evocar SALAZAR !!! É óbvio que estes senhores deputados tratam de resolver os "seus" problemas, bem assim como das "máfias" a que pertencem e o POVO que os elegeu que se lixe, pois, são uma cambada de ignorantes/parolos que voltarão a elege-los quando houver novas eleições. E VOLTA AO MESMO POVO COBARDE QUE CONTINUA A FAZER VÉNIAS A ESTES OPORTUNISTAS SABIDOLAS !!!
  • Joao do Camião
    06 jan, 2018 Ruminar 16:58
    A definição de erro sugere que uma ação não é executada da melhor forma mas de forma não deliberada. Algo que não aconteceu aqui. Foi tudo pensado e deliberadamente executado à revelia de quem estes bandidos deveriam representar: o povo. A ideia de que o populismo é mau é apenas o medo a falar de uma classe que teme perder o controlo e regalias de que auferem.
  • Para refletir...
    06 jan, 2018 Almada 16:35
    Não compreendo como alguém da área da justiça diz que o processo foi muito “infeliz” e “sem escrutínio”. O que é grave é a justiça ser um poder sem escrutínio onde há pouca transparência. Mas parece que a ética só se aplica aos outros! Há problemas graves neste país, mas é isto que a comunicação social discute pois alimenta a disputa política e eles vivem disso! Depois alguns comentários mostram um dos graves problemas do país, o povo que gosta muito de dinheiro e diversão.
  • Joao Santos
    06 jan, 2018 Lisboa 15:58
    Sr deputado, o populismo alimenta-se de coisas como a forma como o CDS alimentou algumas polémicas no passado, por exemplo o RSI tão contestado por si e pelo PSD, ou o apoio às Fundações que vocês tanto contestaram e que iriam reduzir, e o resultado foi nulo, para já não falar da famosa Reforma do Estado, proposta pelo Paulinho das feiras, que ao longo de uma enorme página A4, em branco, nada disse nem escreveu.
  • João Lopes
    06 jan, 2018 Viseu 15:15
    Devíamos votar em pessoas concretas que nos representassem no Parlamento e nos prestassem contas. Entretanto, devia ser obrigatório que os deputados declarassem a sua pertença a lojas maçónicas…
  • André Souza
    06 jan, 2018 Vila Pouca de Aguiar 14:11
    Mais uma vez a jornalista Maria Pimentel a trazer à antena um debate para esclarecer. Bem haja! Ouvir o deputado comunista e a sua agressividade é o sinal maior da forma como queriam que tudo passasse no Natal e passagem de ano e o "zé povinho " que se lixe. O deputado do BE e CDS, assim como, o fiscalista Samuel esclareceram muita coisa.

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