06 jan, 2018 - 00:00 • Eunice Lourenço (Renascença) e Sofia Rodrigues (Público)
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Uma parte das pensões de reforma poderia passar a estar dependente do crescimento da economia ou da evolução do desemprego. Esta é uma das ideias deixada por Rio Rio, candidato à liderança do PSD, na entrevista que deu à Renascença e ao “Público” e que será transmitida na segunda-feira.
No dia seguinte ao debate com Santana Lopes, que não correu bem, Rui Rio arrisca lançar algumas ideias mais concretas para a campanha.
Na sua moção para o Congresso do PSD (que terá lugar a 17 de Fevereiro), Rio alerta para uma reforma urgente na Segurança Social que exige um alargado consenso parlamentar. Na entrevista à Renascença e ao “Público”, questionado sobre que ideias mais concretas tem para essa reforma, o candidato a presidente do PSD começa por dizer que este é, precisamente, um sector sobre o qual tem mais ideias e mais conhecimento. E lança uma das suas ideias.
“Uma parte pequena da reforma - mas com efeito no total - pode estar indexada, por exemplo, a uma taxa de desemprego, a uma taxa de crescimento do PIB - pode estar indexada a três ou quatro factores. E, portanto, [o pensionista] sabe que a sua pensão abaixo de ‘x’ nunca desce, mas depois pode ser um bocadinho mais ou um bocadinho menos”, sugere Rui Rio. E dá um exemplo: “Imagine que a sua pensão é de mil euros - ninguém mexe aí - mas num ano pode ser de 1100, noutro ano de 1200, noutro de 1150 em função de indicadores económicos.”
Rui Rio esclarece que esta seria uma opção só para o futuro “não mexendo naquilo que está” e “olhando para o futuro”. O que, diz, também implicaria definir o que é o futuro: só quem vai ainda entrar no sistema, quem entrou há cinco ou há 10 anos. O candidato deixa essas hipóteses em aberto, ressalvando de forma muito claro que “não é justo” mexer nas regras para as aplicar a pessoas que têm actualmente “50 e tal ou 60 anos”.
A indexação de uma componente das pensões de reforma a indicadores económicos fazia parte do programa eleitoral da coligação PSD-CDS nas legislativas de 2015, sendo sobretudo uma ideia do CDS.
Rui Rio, contudo, não tinha avançado com qualquer concretização na moção de estratégia, onde chega mesmo a escrever que este “não é o momento para apresentar propostas sectoriais de um programa”, porque essas terão que ser trabalhadas cuidadosamente até às legislativas. Mas agora, com a campanha mais dura e a chegar ao fim, põe uma ideia em cima da mesa. Sempre com uma reticência: “Atenção: não estou a propor, estou a dizer que é um dos temas que se pode pôr em cima da mesa para, abertamente, debatermos todos”.
O candidato a presidente do PSD diz mesmo que “o problema de ter ideias concretas não é não as ter, é depois fazer-se uma polémica à volta disso”, assumindo, assim, que não tem falado mais das suas ideias para evitar polémicas.
Rio tem centrado mais a sua diferenciação com o outro candidato, Pedro Santana Lopes, na questão da personalidade e do passado, lembrando a cada oportunidade o que chama de “trapalhadas” do seu adversário quando foi primeiro-ministro. Foi, aliás, esse passado que motivou a maior discussão no debate entre os dois candidatos às eleições directas do PSD, que se realizam a 13 de Janeiro. Um debate que não correu bem ao ex-presidente da Câmara do Porto, que se queixa de o seu adversário ter usado “truques” e “meias verdades”.
Pedro Santana Lopes tem este sábado o que chama de “convenção nacional” na qual irá apresentar a sua moção de estratégia.