08 jan, 2018 - 15:07
O ministro do Planeamento e das Infraestruturas defendeu esta segunda-feira a necessidade de alertar a União Europeia (UE) para mudar políticas relativamente à “floresta do sul da Europa”, tendo em mente os fundos comunitários para 2030.
“Os fundos comunitários têm estado muito orientados para o desenvolvimento da agricultura competitiva. Este é o tempo de apresentarmos à Europa o caso da floresta do sul da Europa. Para ocuparmos de forma sustentável e resiliente estes territórios, precisamos de outra política florestal”, afirmou Pedro Marques em Matosinhos, numa reunião com o Conselho Regional do Norte destinada a debater com as regiões a estratégia nacional para as próximas décadas, nomeadamente tendo em vista o financiamento comunitário 'Portugal 2030'.
O primeiro-ministro marcou presença no encontro, “algo inédito para o mais alto representante executivo do país”, como destacou o presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N), mas a comunicação social não pode assistir à intervenção feita por António Costa na sessão.
O ministro do Planeamento referiu-se aos incêndios que afectaram Portugal durante o verão para classificar como “absolutamente fundamental para Portugal e para o sul da Europa” fazer um caminho de “alteração” relativamente às políticas florestais.
“As alterações climáticas estão a demonstrar que precisamos de ordenar para dar sustentabilidade a esta floresta e a estas regiões de baixa densidade”, frisou o governante, na reunião promovida pela Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Norte (CCDR-N).
Pedro Marques notou que a floresta do sul da Europa “é específica” porque, “nas últimas décadas”, teve “um desenvolvimento com plantio espécies que não são autóctones, mas que têm maior rendibilidade”, algo que é necessário inverter porque o próprio território “parece dizer-nos que precisa de estar ocupado doutra forma”.
“Esta é uma prioridade muito importante para o desenvolvimento do país e para competitividade, resiliência e segurança das populações das regiões da baixa densidade”, vincou.
De acordo com o ministro, o Governo considera ser “absolutamente crítico o desenvolvimento do potencial agrícola e florestal” do país, designadamente tendo em vista o futuro pacote de financiamento comunitário.
O ministro defendeu ainda ser este “o tempo para exercer pressão adicional de corrida para o topo” no que diz respeito à qualificação dos jovens, fazendo um esforço para os colocar “nos melhores índices”.
Quanto à “via profissionalizante”, Pedro Marques considerou ser necessário “orientar as qualificações para novas especializações da economia”. Já sobre a “qualificação dos adultos”, admitiu existir “ainda um grande caminho a percorrer”.
“Precisamos de recuperar a mão-de-obra que não tem as qualificações necessárias, com uma orientação para a dupla certificação de competências: escolares e de qualificações, para as novas necessidades e profissões que economia vai reclamando”, afirmou.
Na sessão de abertura da reunião do Conselho Regional do Norte, Pedro Marques esclareceu que o encontro pretendia “debater a estratégia para o Portugal 2030”.
“O propósito hoje é começar a debater com as regiões a nossa estratégia para a próxima década, mas esta é uma estratégia em construção. Esperamos que, se for caso disso, esta reflexão produza uma transformação em toda a estratégia global do país”, observou o ministro.
Todo o debate centrar-se-á na “estratégia competitiva e de coesão” para Portugal e deverá “intensificar-se ao longo dos próximos meses”.
Quanto ao próximo pacote de fundos comunitários, Pedro Marques notou que deve ser dirigido a “ultrapassar os bloqueios estruturais do país”.
O ministro citou “reformas na administração pública para a tornar mais amiga da competitividade”, a aposta na “qualificação” e na “inovação”, sendo que esta última deve ser “mais orientada para as novas especializações económicas”, seguindo “os caminhos para onde vai a economia mundial”.
A “sustentabilidade demográfica”, a “redução da dependência energética da economia” nacional”, a “economia do mar”, a orientação para o mercado ibérico a partir das regiões do interior e “optimizar a prestação em rede de serviços e bens públicos” foram outras das prioridades indicadas por Pedro Marques.