11 jan, 2018 - 00:15 • Eunice Lourenço (Renascença) David Dinis (Público)
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Portugal tem de pagar mais para ter melhores políticos, defende o antigo ministro do PSD Miguel Relvas em entrevista à Renascença e ao jornal "Público".
“Não vivo frustrado por não estar na vida política”, diz o agora empresário Miguel Relvas que não diz “nunca” a um regresso à vida partidária.
O que é que aprendeu no Governo que lhe é útil agora? E o que é que está a aprender agora que lhe pode ser útil se voltar para a política?
Conheci muitas pessoas, aprendi que todos os problemas, por mais difíceis que sejam, temos que ser capazes de ter soluções, juntar e ouvir pessoas com tolerância. Também devo dizer que há algo que me preocupa hoje: o estatuto remuneratório dos políticos, toda a pressão que existe sobre a vida política, implica que devemos fazer uma reflexão sobre se os melhores estão a vir para a vida política. A sensação que tenho em relação às novas gerações - tenho uma filha com 25 anos -, há hoje um distanciamento da política que tem muito a ver com a abordagem da caça ao homem, da facilidade com que se abate quem está na vida política, também o estatuto remuneratório, que leva a que os melhores do país se dediquem a outras áreas.
Mas também o estatuto remuneratório?
Também. Tem que se encontrar um ponto de equilíbrio. O salário de quem está na vida política tem que ser proporcional àquilo que ganhou nos últimos cinco anos anteriores ao desempenho de funções. Senão dificilmente vamos buscar pessoas que tenham qualidade, que tenham condições de servir o seu país - e que não o fazem, porque têm compromissos, vidas familiares. Na vida política não podemos seguir pela via dos serviços mínimos. Temos que ser capazes de ir buscar os melhores. Hoje em dia, a vida política é pouco atractiva.
Admite regressar?
Nunca se deve dizer que não. E como já vimos Cristo descer à terra...
E os ventos mudarem.
E os ventos mudarem. O que lhe posso dizer é que sou feliz com o que faço, gosto do trabalho que tenho. E sinto-me bem em dar a minha opinião, exercer a minha opção cívica, daquilo em que acredito para o meu partido e para o meu país. E não vivo pressionado, nem vivo frustrado por não estar na vida política.