12 jan, 2018 - 00:00 • Eunice Lourenço (Renascença) Sofia Rodrigues (Público)
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Nas legislativas de 2005, o hino de campanha de Pedro Santana Lopes era o “Menino Guerreiro”. Passados 12 anos, diz que não receia ser penalizado pelo passado, acredita que está “numa fase óptima” e garante que as eleições directas deste sábado não serão a sua última batalha.
Como líder da oposição, se vier a ser eleito, quais serão as suas prioridades?
É defender os cidadãos contra o Estado, o que eu chamo o Estado abusador, o Estado opressor. O Estado castrador, até. O Estado que, às vezes, fica com dinheiro nosso pelo Pagamento Especial por Conta ou por retenção na fonte, na prática adiantamentos para a tesouraria do Estado. O Estado, quando nós nos atrasamos uma semana para pagar impostos ou contribuições, manda-nos um mail ameaçador, cobra-nos juros, passa multa, mas quando se atrasa não passa multa a si próprio nem paga juros. O Estado o que faz, cada vez mais, é levar os cidadãos para uma invasão constante daquela que deve ser a liberdade do espaço individual.
Acho que a sociedade tem de se libertar muito mais, mesmo em termos fiscais, nomeadamente das empresas. Não deixar continuar os ataques, como aconteceu nesta legislatura, ao ensino privado, por exemplo. Admitir que a oferta pública pode ser por estabelecimentos de ensino público como por privados. Admitir o recurso a vias complementares, fala-se do cheque-ensino, e de outras em que possa haver a valorização do ensino privado em que acredito muito. Sem abusos. Sou um grande defensor do papel do ensino particular e cooperativo e estou à vontade, andei sempre no ensino público, até ao contrário dos meus irmãos que andaram principalmente em escolas privadas. No Serviço Nacional de Saúde, também admitir aí, mais do que os privados, a importância do sector das misericórdias e das IPSS e aí muita contratualização do Estado. Defender, por exemplo, na legislação laboral que ela não deve ser mexida no sentido dos preconceitos dos parceiros do PS na maioria parlamentar...
Nesse campo está disponível para impedir essa mudança e pôr-se ao lado do PS porque também é notório que o Governo não a quer.
Não sei ao lado de quem. Será ao lado do CDS que também não quer, e do PS e do CDS, ao nosso lado porque tenho uma posição, não vou dizer radical, mas intransigente. Temos de fazer tudo para facilitar o investimento, a confiança em Portugal. Se voltamos a mexer em matérias agora como a precariedade, a contratação colectiva está em cima da mesa, os bancos de horas...o que é que levamos? A afugentar os investidores. O importante é termos a iniciativa privada a investir. Quer investimento externo quer nacional. Para isso também é preciso uma política fiscal muito ousada. Fala-se só no IRC, mas os regimes específicos para as regiões do interior calcinadas e para os territórios menos povoados. Se o Governo quiser fazer isto antecipadamente óptimo. Lutarei por estas medidas para que elas cheguem ao país tão depressa quanto possível.
Conhece o PSD muito bem. Acha que o partido está mobilizado para estas eleições?
Imenso. Espero que a votação o traduza. Como já se previa, a campanha, nestas últimas semanas, tem merecido um interesse bastante grande da sociedade portuguesa e da comunicação social em geral. Tive centenas de pessoas, nas cerca de 100 sessões que já fiz pelo país todo.
É provavelmente um dos ou o político, mesmo, que mais vezes renasceu na história da democracia portuguesa. Esta é a sua última batalha?
Não. Não. Não quero dizer isso na vida. Quero estar sempre a combater. Sempre activo. E agora, a seguir, espero ter uma batalha muito grande que é preparar-me para mudar Portugal. Como eu dizia ao dr. Rui Rio ontem, ele veio para querer mudar o PSD por causa do dr. Passos Coelho, eu vim para mudar o país por causa do dr. António Costa. Mas não é por causa dele, não centralizo os males todos nos meus opositores políticos. Eu quero é fazer no país aquilo em que acredito. Essa será a próxima batalha. Enquanto Deus nosso Senhor me der vida e saúde, hei-de ser sempre um combatente. Gosto de lutar por aquilo em que acredito. Não gosto de estar quieto. E sabe, é muito fácil criticar quem não tem passado ou tem pouco passado. Eu já tenho, de facto, um passado considerável e os portugueses conhecem-me.
Não receia o tão bem que os portugueses o conhecem?
Não. Sabe, isto na vida tem picos, não é? Eu já tive várias fases de relacionamento com as pessoas. Hoje em dia estou numa fase óptima. Na rua, há tanta gente que me incita. Tanta gente que me diz: "se ganhar, eu voto no seu partido". As pessoas levantam-me o polegar, é uma sensação extraordinária outra vez, vamos ver se se traduz em votos. Espero bem que sim.