24 jan, 2018 - 00:41
O ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, Manuel Domingos Augusto, congratulou-se com a decisão da Justiça portuguesa de separar o processo do ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente, dizendo que corresponde a um passo no sentido desejado pelas autoridades de Luanda.
Manuel Domingos Augusto falava aos jornalistas em Davos, na Suiça, no final de uma reunião entre o primeiro-ministro português e o Presidente angolano, João Lourenço, encontro que durou cerca de 40 minutos.
O chefe de Estado angolano delegou no seu ministro dos Negócios Estrangeiros as declarações à comunicação social sobre os resultados da reunião com o primeiro-ministro português.
"Angola nunca interrompeu o diálogo com Portugal", começou por salientar o responsável máximo da diplomacia angolana, antes de se referir ao processo da Justiça portuguesa contra o ex-vice-Presidente angolano Manuel Vicente.
"Todos desejamos que o problema venha a ser resolvido o mais breve possível, para que a harmonia, que tem caraterizado as nossas relações, possa ser retomada. Nós, hoje, tivemos a oportunidade de trocar algumas ideias com o primeiro-ministro português e não fugimos à questão que a todos incomoda", disse.
Manuel Domingos Augusto referiu-se então, neste preciso contexto, à decisão judicial da passada segunda-feira de separar o processo de Manuel Vicente no âmbito da "operação Fizz"
"Tomámos nota da evolução que o processo está a conhecer e reafirmámos a esperança de que haja a muito breve trecho um desfecho que corresponda à vontade dos dois governos, mas também dos povos angolano e português", declarou.
Segundo ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola, a delegação governamental angolana já se encontrava em Davos quando tomou conhecimento do mais recente desenvolvimento no processo judicial.
"Tomámos conhecimento da decisão judicial sobre a separação dos processos. Sem entrar em detalhes técnicos, acreditamos que se trata de um passo no sentido do desejo das autoridades angolanas e - acredito - que também das autoridades portuguesas. Não há razões para que este processo continue a ser uma sombra naquilo que são as relações harmoniosas e altamente desejadas pelos povos dos dois países", declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola.
Numa referência ao princípio da separação de poderes, Manuel Domingos Augusto defendeu depois que, "sendo o poder judicial português um dos três poderes do Estado, no cumprimento do que a lei prevê em Portugal, deverá ser encontrada uma solução que corresponda ao desejo supremo dos povos dos dois países".
"Para que as relações entre Portugal e Angola possam não só conhecer os ritmos que já têm, mas também ser reforçadas para benefício mútuo. As perspetivas são boas, a economia de Angola está em recuperação e Portugal também tem tido um comportamento muito bom ao nível da sua economia. Quando assim é, o potencial para que as relações possam trazer benefício potencialmente maiores aumenta", sustentou o chefe da diplomacia angolana.
Numa alusão ao processo contra Manuel Vicente, Manuel Domingos Augusto manifestou-se "otimista de que o escolho (obstáculo) que está no caminho luso-angolano possa ser removido".
"É aquilo que todos desejamos: Uma relação forte, singular e única", acrescentou o ministro dos Negócios Estrangeiros de Angola.