25 jan, 2018 - 00:43 • Eunice Lourenço (Renascença) e David Dinis (Público)
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O ex-candidato presidencial Sampaio da Nóvoa é também ex-reitor da Universidade de Lisboa e especialista em Ciências da Educação. Em entrevista ao Hora da Verdade, pede maior autonomia para “libertar” as escolas e universidades da burocracia.
Que avaliação faz do Governo em matéria de Educação?
A educação é central, como a ciência e cultura. Julgo que nestas áreas, o que tem sido feito tem sido feito de uma forma correcta - tanto na Educação, como na Ciência e no Ensino Superior. Mas tem sido pouco. Isto é: tem havido mais um gerir e resolver situações que vinham do passado...
Em 2015 disse que devíamos viver uma revolução nas escolas: mudança nos currículos, na organização e modelo da escola. Estamos a atrasar-nos?
Estamos longe. Infelizmente não estamos neste momento numa dinâmica do que é o futuro da escola e da educação. E o mesmo se diga para as universidades, que estão muito...
Estagnadas?
Muito contidas, a palavra estagnada seria injusta. Há muita coisa que se tem feito bem. Pelo meu mandato de reitor tenho um fantasma, que é a burocracia. E o complicador imenso em que se transformou a vida das escolas, dos professores, a gestão das universidades, a vida da ciência. Fazer um projecto científico é uma coisa do outro mundo. E temos que nos libertar disso. O tema da autonomia, que é para mim central...
Tem-se falado muito na autonomia...
... mas é conversa. As escolas deviam ser ambientes vibrantes, estimulantes.
O que é que custa mais a ultrapassar? Burocracias, as medidas do Governo, os professores, a sociedade...
Há um conjunto dessas coisas todas. Mas há uma rigidificação burocrática, que se criou nas nossas instituições, que é um factor que dificulta muito essa espécie de liberdade. As pessoas, às vezes, para fazerem coisas quase têm que sair das instituições.
Como é que se ultrapassa isso?
No caso das universidades é consagrando um verdadeiro estatuto de autonomia, com responsabilidades claras. Precisamos de ter uma muito maior autonomia das instituições, dos professores, das universidades, da ciência. Hoje a ciência é a chave da sociedade do século XXI. A chave de tudo o que nos vai acontecer está na ciência e na tecnologia. Mas não é só a que se faz nos grandes laboratórios, não, é a que se faz dentro das escolas, na sociedade. Se não formos capazes de fazer isso, vamos andar enredados...