16 mar, 2018 - 00:40
A presidente do CDS, Assunção Cristas, defende que o Parlamento não tem mandato para legislar sobre a eutanásia, porque, à exceção do PAN, os partidos excluíram o tema dos seus programas eleitorais.
"Do ponto de vista político, o Parlamento é o espaço para o fazer [decidir] porque tem legitimidade, mas este Parlamento não tem mandato", defendeu Assunção Cristas no encerramento de um debate promovido pelo CDS sobre a eutanásia, que decorreu na Junta de Freguesia de Alvalade, em Lisboa.
A líder centrista encara, contudo, um referendo com reservas, argumentando que "a simplificação é redutora, empobrece" e "induz uma resposta", e prometeu trabalhar para fazer ouvir os argumentos contra a eutanásia, mesmo que isso não dê votos.
"Nesta matéria, a parte dos votos é o que menos interessa", declarou, arrancando um aplauso da sala.
Assunção Cristas argumentou que a Assembleia da República não dispõe de mandato para legislar sobre a eutanásia porque "nenhum partido colocou preto no branco no programa eleitoral" esta matéria, com exceção do PAN (Pessoas-Animais-Natureza).
"Há um compromisso com os eleitores que se faz nos programas eleitorais, a não ser no caso do PAN", vincou.
No debate participaram a deputada e médica de cuidados paliativos Isabel Galriça Neto, o comentador e escritor Henrique Raposo, e João Franco Reis, consultor de comunicação, que prepara uma tese sobre Ética, tendo havido depoimentos do médico canadiano luso-descendente José Pereira e de Alex Schadenberg, diretor da organização Euthanasia Prevention Coalition.
Henrique Monteiro e João Franco Reis salientaram a dificuldade da posição contrária à eutanásia fazer-se ouvir no debate público.
Para a presidente do CDS, "esta não é uma batalha perdida" mas é "muito difícil, está muito enviesada, é muito fácil puxar para o outro lado".
"Há muita gente com vontade de perceber, se calhar há uma maioria silenciosa, diferente da opinião publicada", disse Assunção Cristas, que salientou não ver "nenhuma urgência neste tema".
"Mesmo aqueles que são a favor, muitos partilham desta visão", salientou, relativamente a essa ausência de urgência na sociedade portuguesa.