19 mar, 2018 - 07:09
O deputado Adão Silva pode ser o sucessor de Feliciano Barreiras Duarte, que se demitiu do cargo de secretário-geral do PSD na sequência das polémicas com o seu currículo e com subsídios que terá recebido irregularmente do parlamento.
O nome de Adão Silva é apontado à Renascença por várias fontes sociais-democratas como provável sucessor de Barreiras Duarte.
Contudo, o nome escolhido terá de ser aprovado no Conselho Nacional do partido, o principal órgão entre congressos. A reunião do Conselho Nacional ainda terá de ser marcada e, recorde-se, Rui Rio não tem maioria no Conselho Nacional.
O Conselho Nacional deve realizar-se apenas em abril e será marcado na reunião da comissão política marcada para dia 28. Rui Rio, no entanto, deve anunciar o nome escolhido rapidamente, podendo mesmo fazê-lo ainda esta segunda-feira.
Adão e Silva também já tinha sido um dos nomes falados para a liderança da bancada parlamentar, possibilidade que não se verificou.
Em comunicado, Feliciano Barreiras Duarte diz-se de “consciência tranquila”, alegando que foi alvo de uma acusação absurda e que sai esperando o fim dos ataques à direção do PSD.
No habitual cometário na SIC, Marques Mendes considera que Rui Rio esteve muito mal neste caso, não tendo sabido gerir rapidamente esta polémica. “Mas então onde é que está a coragem, onde é que ele corta a direito? Afinal, fala de um banho de ética, mas não acontece nada e, portanto, fica a sensação que ou tinha medo ou estava condicionado. Isto queima a sua imagem”.
O ex-líder do PSD diz que Feliciano Barreiras Duarte “estava a criar prejuízos ao partido”.
“A responsabilidade primeira é de Feliciano Barreiras Duarte. Falsificou o currículo. O erro é dele. É uma saloiice, uma batotice. Já não tinha condições para ser secretário-geral” do PSD.
Primeira baixa na direção de Rui Rio
A primeira baixa na direção do novo presidente do PSD, Rui Rio, aconteceu um mês depois do Congresso do partido.
No entanto, as polémicas com membros da direção de Rui Rio começaram ainda antes da reunião magna dos sociais-democratas, que se realizou entre 16 e 18 de fevereiro, em Lisboa.
Dos nove membros da Comissão Permanente, o núcleo duro da direção, três foram alvo de inquéritos abertos pelo Ministério Público: os vice-presidentes Salvador Malheiro e Elina Fraga, e o até domingo secretário-geral Feliciano Barreiras Duarte.
A 10 de março, o semanário Sol noticiava que Feliciano Barreiras Duarte teve de corrigir o seu currículo académico para retirar o item que o indicava como professor convidado (‘visiting scholar’) na Universidade de Berkeley, na Califórnia, Estados Unidos.
Na terça-feira, a Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou ter aberto um inquérito sobre este caso, remetendo para o Departamento de Investigação e Ação Penal (DIAP) de Lisboa os elementos recolhidos.
Sobre este caso, Rio falou por duas vezes: no final do Congresso do CDS-PP, há uma semana, confirmando que Barreiras Duarte lhe tinha comunicado que havia um aspeto do seu currículo “que estava a mais, não era preciso, e corrigiu”. Na terça-feira, em entrevista à RTP2, recusou-se a voltar a comentar a polémica à volta do currículo académico do seu secretário-geral, limitando-se a sugerir que os detentores de cargos públicos estão sempre expostos a acusações, utilizando o seu próprio exemplo quando esteve na presidência da Câmara do Porto.
No sábado, o jornal ‘online’ Observador noticiou que Feliciano Barreiras Duarte, teria, durante pelo menos nove anos, recebido ajudas de custo e despesas de deslocação do parlamento como se morasse no Bombarral (distrito de Leiria), quando habitava em Lisboa.
[notícia atualizada às 15h25]