24 mar, 2018 - 21:49
O secretário-geral do PS, António Costa, defende que o país está "em guerra contra os incêndios" e numa batalha pelo desenvolvimento do interior e ordenamento do território, citando o antigo ministro e dirigente socialista Jorge Coelho.
"Temos grandes desafios estratégicos pela frente. Como aqui nos recordou o Jorge Coelho, nós temos uma guerra contra os incêndios, temos uma batalha pelo desenvolvimento do interior, temos uma batalha pelo ordenamento da floresta e vamos travar essa batalha sem medo, com coragem, com determinação", defendeu António Costa.
Depois de ter passado o dia em ações de limpeza das matas, enquanto primeiro-ministro, o também secretário-geral socialista falava em Sintra, no encerramento do Congresso da Federação da Área Urbana de Lisboa (FAUL) do PS, em que Jorge Coelho interveio.
O antigo ministro e dirigente socialista, que disse estar pela primeira vez a falar numa iniciativa do partido desde que saiu de "funções partidárias ao mais alto nível no PS", defendeu que o país está "em guerra contra os fogos", e expressou irritação com aqueles que não fazem dessa batalha uma causa nacional.
"Ando um pouco irritado - senhor, primeiro-ministro, não é connosco, antes pelo contrário - é com todos aqueles que, esquecendo-se daquilo que foi a tragédia da morte de cento e tantas pessoas naquelas datas, não são capazes de, por um momento, deixar de ter por prioridade central os seus interesses partidários e verem que o país tem de ter aqui uma causa nacional", argumentou Jorge Coelho, num discurso muito aplaudido.
António Costa fez uma intervenção em que percorreu os diversos compromissos do Governo, da descentralização à igualdade de género, com uma nova lei de quotas, passando pelo combate à precariedade laboral, no âmbito do qual o Governo apresentou na sexta-feira aos parceiros sociais um pacote de medidas.
"Aquilo que é essencial e que deve ser a grande marca deste ano é que, além de termos mais emprego, temos de ter melhor emprego, e isso significa um combate determinado à precariedade que mina a confiança", defendeu.
As alterações que limitam o recurso aos contratos a prazo, que "encurtam o número de anos em que é possível estar em contrato a prazo, o número de renovações dos contratos a prazo e, sobretudo, limitam os fundamentos pelos quais pode alguém ser contratado a prazo", apontou.
"Se há um dos fundamentos que mais me orgulho de apresentar é esta ideia de que um jovem à procura de primeiro emprego só porque é jovem pode ser contratado num regime de precariedade", declarou.
António Costa não se pronunciou sobre a taxa de para penalizar as empresas que contratam de forma sistemática trabalhadores a prazo, que foi criticada pelo PCP, através da deputada Rita Rato, em declarações ao jornal Público de hoje.
"A precariedade tem de ser erradicada e não legalizada. Entendemos que esta é uma proposta que pode ser perversa, um contrato precário ilegal tem de ser transformado num contrato sem termo e a solução não é pôr as empresas a pagarem uma taxa e poderem continuar a rodar os trabalhadores", disse Rita Rato ao Público, sem adiantar se o PCP viabilizará a medida no parlamento.
No Congresso da FAUL que António Costa encerrou, a presidência daquela estrutura passou de Marcos Perestrello para Duarte Cordeiro, cuja moção foi aprovada por unanimidade.