Siga-nos no Whatsapp
A+ / A-

PCP e BE unidos contra Centeno

03 abr, 2018 - 20:11

A deputada do Bloco, Mariana Mortágua, disse que o ministro das Finanças é uma "força de bloqueio", e o Paulo Sá do PCP defendeu que o Governo podia ter sido feita mais despesa.

A+ / A-

O BE acusou esta terça-feira o ministro das Finanças de ser uma "força de bloqueio" e o PCP defendeu que podia ter sido feita mais despesa, já que o défice ficou 1.000 milhões de euros abaixo do previsto.

"O ministro continua a ser uma força de bloqueio a despesas nos hospitais, na ferrovia e em vários ministérios", afirmou a deputada do Bloco de Esquerda (BE) Mariana Mortágua, depois de o ministro das Finanças, Mário Centeno, ter sublinhado que o défice ficou perto de 1.000 milhões de euros abaixo do estimado, devido sobretudo a menos juros e mais crescimento económico.

"De acordo, mas a questão aqui não é como ficou, mas porque é que não foi investido dinheiro que precisava de ser investido", afirmou Mariana Mortágua, considerando que "não é compreensível" que essas despesas "fiquem fechadas na gaveta" quando se apresenta um défice que fica 1.000 milhões aquém do planeado.

Numa primeira resposta, Mário Centeno afirmou que essa não é a função do Ministério das Finanças, mas admitiu que "é verdade que às vezes parece".

"Vivemos demasiadas perceções", considerou, defendendo que, no parlamento, devem ser apresentados números, e garantindo que se tem "mantido uma política de reforço das áreas sociais que mais castigadas foram durante o anterior período de ajustamento: saúde e a educação".

Numa ronda seguinte, Mariana Mortágua lembrou que ministros já admitiram no parlamento que alguma despesa aguarda autorização das Finanças. "Não é perceção, é realidade", disse.

Para a deputada bloquista, esta posição revela que "o que se aprova na Assembleia a República tem pouca importância e o que é importante é ficar aquém do que se acordou com Bruxelas".

Também o deputado do PCP Paulo Sá citou a contratação de enfermeiros no Algarve, um processo que "levou meses", considerando positivo que o problema tenha sido resolvido, mas considerando que "nunca devia ter surgido".

"Ao longo de 2017, tendo o Governo a perceção de que o défice seria inferior ao objetivo estabelecido pelo Governo poderia ter executado para ter despesa necessária e imprescindível. Podia ter feito isso e não fez", afirmou.

Para o deputado do CDS-PP João Almeida esta é uma "situação política insólita".

"O ministro é criticado pela forma como gere a execução orçamental pela maioria do parlamento, que não respeita o que está no Orçamento do Estado. Mas curiosamente essa lei do Orçamento do Estado não veio de Marte, foi aprovada pelo mesmo parlamento que o critica pela forma como o executa", afirmou João Almeida.

O deputado do CDS-PP criticou ainda a inexistência de "nenhuma garantia" de que a economia portuguesa esteja em melhores condições para enfrentar um período recessivo.

Na resposta, Mário Centeno afirmou que ficou por executar 0,002% da despesa com prestações sociais e 0,1% da restante despesa corrente previstas no Orçamento do Estado para 2017.

"Se isto não é cumprir do lado da despesa o que nos tínhamos proposto, deputados façam favor para que isto seja melhorado. Mas está a ser cumprido à risca", afirmou Centeno.

O debate ficou marcado também pela discussão em torno do aumento da carga fiscal, com o deputado do PSD António Leitão Amaro a insistir que a carga fiscal aumentou, ao contrário do que o Governo afirma, que tenta desmentir "os próprios números", sobretudo devido aos aumentos dos impostos indiretos, que calculou em cerca de 800 milhões de euros.

Comentários
Tem 1500 caracteres disponíveis
Todos os campos são de preenchimento obrigatório.

Termos e Condições Todos os comentários são mediados, pelo que a sua publicação pode demorar algum tempo. Os comentários enviados devem cumprir os critérios de publicação estabelecidos pela direcção de Informação da Renascença: não violar os princípios fundamentais dos Direitos do Homem; não ofender o bom nome de terceiros; não conter acusações sobre a vida privada de terceiros; não conter linguagem imprópria. Os comentários que desrespeitarem estes pontos não serão publicados.

Destaques V+