O Presidente da República defendeu que é imperativo afirmar o "papel estruturante das Forças Armadas" para a unidade nacional e alertou contra "messianismos de um ou de alguns", insistindo na importância de renovar o sistema político.
Estas foram as duas mensagens principais do discurso de Marcelo Rebelo de Sousa na sessão solene comemorativa do 44.º aniversário do 25 de Abril na Assembleia da República, que durou cerca de quinze minutos, e no qual voltou a alertar para o perigo de fenómenos de "contestação inorgânica e antissistémica e de ceticismo contra os partidos".
Depois de cerimónia, ouviram-se as reações às palavras do Chefe do Estado.
PS:
O líder parlamentar do PS manifestou apoio às mensagens do Presidente da República para a renovação no sistema político, salientando a sua ação pessoal no atual processo sobre transparência política. "Isso é muito importante num tempo em que existem tantas dúvidas sobre a solidez dos sistemas democráticos, sobre os modelos dos sistemas políticos e sobre os mecanismos que envolvem a transparência no exercício dos cargos públicos. Esse é o grande desafio com que nos confrontamos, a par com a angústia que muitos têm em relação ao futuro, já que se assiste a uma rápida evolução nos domínios tecnológicos e digital com reflexos na natureza e qualidade do emprego no presente e no futuro", disse Carlos César.
PSD:
O presidente do PSD, Rui Rio, manifestou "disponibilidade total" e vontade de iniciar uma reforma que revitalize o regime para o defender, considerando que esse trabalho devia ter começado "ontem". Rio salientou que o apelo de revitalização do regime tem feito parte do seu discurso político desde há muitos anos. "Aquilo que nós temos de fazer - o Presidente da República diz e muito bem - é reforçar a democracia, porque se não a reformarmos o que vai acontecer é a perda da democracia", alertou o líder social-democrata, em declarações aos jornalistas.
CDS:
O CDS-PP destacou a necessidade de reforma permanente das democracias como resposta eficaz às ameaças e populismos. "O senhor Presidente da República alertou também para a necessidade de as democracias se irem reformando e isso é também algo muito importante. O sistema político combate mais eficazmente os populismos, combate mais eficazmente as ameaças à democracia, se se conseguir atualizar e reformar. Essa é uma necessidade permanente para a qual o CDS está muito disponível", afirmou o porta-voz do partido, João Almeida.
BE:
A coordenadora do BE sublinhou a importância dos avisos do chefe do Estado e do presidente do Parlamento para ajudar os outros partidos a compreenderem a necessidade da exclusividade dos deputados e da entidade para a transparência. "O Bloco de Esquerda tem desde o início desta legislatura, à espera de uma maioria para poder ter avanços, a criação de uma entidade para a transparência e a exclusividade dos deputados", projetos que estão na discussão na especialidade. "Se os avisos do senhor presidente da Assembleia da República e do senhor Presidente da República ajudarem a que finalmente os outros partidos compreendam a necessidade da exclusividade dos deputados e de uma entidade para a transparência, terá sido um passo muito importante. Temos esperança de que, desta vez, possa existir uma maioria de deputados que compreenda essa necessidade", disse.
PCP:
O secretário-geral do PCP defendeu que faltou no discurso do Presidente da República no 25 de Abril as causas dos avanços populistas e respostas aos problemas dos que sofrem "o peso das injustiças e desigualdades". "No discurso do senhor Presidente da República há uma omissão, que é ir às causas pelas quais se verificam os avanços populistas, os conceitos messiânicos. Não basta fazer uma crítica geral sem ir à causa dos problemas, que justificam a preocupação aqui manifestada", defendeu Jerónimo de Sousa. O líder comunista disse ainda que a Constituição e o regime democrático português comportam a renovação defendida pelo chefe de Estado na sua intervenção na sessão solene do 25 de Abril.
Partido Ecologista "Os Verdes":
A deputada do PEV Heloísa Apolónia considerou fundamental "o combate aos populismos" para o qual chamou a atenção o Presidente da República, considerando que "as instituições estão a funcionar bem". Heloísa Apolónia destacou que a "Constituição é a matriz da ação" do coletivo e da sociedade e que "as instituições estão a funcionar bem", considerando que "a Assembleia da República é justamente a prova disso", ao ter dado "voz e consequência aquela que foi a vontade popular nas últimas eleições". "Há uma questão para a qual o senhor Presidente da República também chamou à atenção e que, da nossa perspetiva, é fundamental, que é o combate aos populismos", destacou.