25 abr, 2018 - 11:49 • Eunice Lourenço
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O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, fez um discurso de alerta contra o que chamou “os messianismos de hoje que se escondem por detrás de aparências democráticas” e defendeu uma vigilância constante sobre o sistema político português para que dê espaço a populismos. No seu discurso na sessão solene de 44 º aniversário, no Parlamento, o chefe de Estado pegou nos 100 anos da batalha de La Lys e da I Guerra Mundial para defender a importância das Forças Armadas e enunciar as lições que o presente e o futuro devem ter em conta.
Uma das lições é que “a Europa perdeu sempre ao dividir-se e ganhou sempre, pouco que fosse, ao unir-se ou ensaiar consensos”. Mas, ressalvou, esse percurso de união é “necessariamente exigente e moroso”. Outra lição é que “as Forças Armadas Portuguesas são um facto nuclear de identidade nacional” e que “reganham centralidade quando e reforça a democracia”.
A terceira lição é que é preciso haver uma capacidade constante de renovação do sistema política, com a prevenção de erros e omissões e uma proximidade permanente aos cidadãos e aos seus problemas que limite o ceticismo em relação à classe política. Marcelo, que tem uma preocupação constante com os populismos e várias vezes tem salientando que não têm crescido em Portugal, avisou mais uma vez que os “vazios alimentam tentações populistas” e “sebastianismos” e “messianismos” contrários à democracia, mas que têm tomado “aparências democráticas”, usando os mais modernos meios de comunicação.
“A democracia pressupõe o equilíbrio de poderes, feito de pesos e contra-pesos. No dia em que se rompesse o equilíbrio de poderes a que a nossa Constituição chama de separação e interdependência de poderes, estaríamos a entrar em terreno perigosíssimo propicio ao deslumbramento, à arrogância,” que acaba sempre em “atropelo da Constituição, de leis e das pessoas”.
Por isso, o Presidente reforçou, já quase a terminar o seu discurso, a defesa da importância das Forças Armadas, a revisão constante do sistema político, uma “percepção aguda” da pobreza e dos seus riscos e das dediguladades pessoais e territoriais, o combate à corrupção de pessoas e de instituições e a “sistemática prevenção de messianismos de um ou de alguns alegadamente para salvação dos outros”. E, aí, como que numa referência a si próprio, disse que não pode “confundir o prestigio de um ou mais titulares de cargos políticos com um endeusamento”.