26 mai, 2018 - 20:34
“Não vale a pena varrer para debaixo do tapete o passado que nos pode enraivecer a envergonhar”. Foi assim, de forma direta, que a eurodeputada Ana Gomes começou o seu discurso no 22º Congresso do PS, que decorre este fim-de-semana na Batalha. Um discurso em que exigiu “ação” contra a corrupção e pediu ao PS que continue a governar à esquerda.
“Erramos e permitimos a captura do Estado por indivíduos que se julgam donos de isto tudo”, assumiu a eurodeputada. E o congresso aplaudiu, como se Ana Gomes não se estivesse a referir ao mesmo passado recente do PS que ainda ontem aplaudiram.
Lembrando a expressão de António Guterres que, em 2001, se demitiu porque queria evitar o “pântano”, Ana Gomes disse que o pântano é o “conluio do centrão”, que permitiu rendas excessivas na energia e privilégios nas parcerias público-privadas, além de “escandalosas amnistias e perdões fiscais” que “empobreceram Portugal e a maioria dos portugueses”.
“Contra a impunidade exige-se ação”, continuou a eurodeputada, que lembrou as propostas anti-corrupção de João Cravinho e pediu a António Costa que não deixe o PS ser “arrastado” para o combate contra a corrupção e antes lidere esse combate.
Ana Gomes também fez questão e lembrar a importância das eleições europeias de maio do próximo ano. “Não são apenas para mandar deputados para o Parlamento Europeu”, disse, lembrando a importância de a União Europeia ter força e dimensão política no pós-Brexit e numa altura em que a Itália está transformada num “elefante fascistas desgovernado”.
A eurodeputada foi das poucas vozes neste congresso que se referiram aos incêndios do Verão passado. E fê-lo para apontar o que chamou a falência do “Estado estratega” que considera necessário recuperar. E concluiu a pedir a António Costa que continue a governar com a esquerda depois das legislativas de 2019 e também que governe “com muito mais mulheres”.