27 mai, 2018 - 13:05 • Eunice Lourenço , Susana Madureira Martins , Raul Santos
O secretário-geral do PS, António Costa, quer "um grande acordo de concertação" para melhorar as condições de conciliação entre emprego e família. O primeiro-ministro quer também que seja possível ter “nova forma de modelação do horário de trabalho ao longo da vida”.
“Temos de alinhar o esforço empresarial com as politicas públicas”, disse o líder socialista no discurso de encerramento do 22 º congresso do PS, que decorreu este fim-de-semana na Batalha, em que também anunciou que “uma das principais prioridades do próximo Orçamento do Estado será um programa de incentivo ao regresso dos jovens” que partiram de Portugal nos anos do programa de austeridade.
Num discurso de 44 minutos, o primeiro-ministro não fez quaisquer referências aos seus parceiros de esquerda nem à política de alianças pós-legislativas de 2019, falando apenas em "ganhar as eleições europeias e legislativas", tal como as Regionais da Madeira.
A vitória na Madeira é uma aposta clara da liderança socialista, que aposta no independente Paulo Cafofo para assumir o Governo Regional: "Chegou a hora de termos uma maior ambição. A nossa ambição tem de ser de provar que somos capazes de fazer uma excelente governação da Região Autónoma da Madeira."
Limitar contratações a termo
O secretário-geral do PS apostou, em grande parte da intervenção, em apontar dados positivos que, do seu ponto de vista, resultam da governação dos últimos dois anos e meio para, a partir daí, definir novas metas que constam da moção "Geração 20/30", que levou ao Congresso da Batalha.
Assim, Costa destacou "a criação de 300 mil postos de trabalhos" conseguida desde 2016 para dizer que não pretende apenas mais emprego, mas "melhor emprego", pelo que reafirmou o objetivo de "combater a precaridade", através da "limitação das condições de contratação a termo".
“Não podemos convergir só para a União Europeia na consolidação das nossas contas europeias. Temos de convergir para a União Europeia também do ponto de vista social e salarial”, defendeu, ainda.
A temática da educação também teve espaço no discurso de Costa que, assumindo "orgulho" pelo facto do Governo ter conseguido "o défice mais baixo da democracia", disse orgulhar-se "ainda mais" com "a descida da taxa de abandono escolar precoce" de 14 para 12,6 por cento. Para o ano de 2020, ficou a promessa de uma taxa de abandono escolar não superior a 10%.
O primeiro-ministro refirmou a necessidade uma “educação mais flexível” pois “grande parte das crianças que estão na escola vão desempenhar profissões que ainda não sabemos que vão existir”. E também defendeu a diversificação e aprofundamento do ensino profissional.
Contra o “mercado livre e solto”
O primeiro-ministro prometeu, ainda, continuar a aumentar as bolsas de doutoramento como mais uma condição para dar aos jovens qualificados possibilidades para ficarem em Portugal.
Outra condição de fixação e de autonomia é o acesso à habitação. E, aí, Costa disse que não quer que mais gerações como a sua se endividem para ter casa, pelo que é preciso dinamizar e regular o mercado de arrendamento.
“O mercado deixado solto e livre promove a segregação no acesso à habitação”, afirmou o líder socialista, fazendo referência à lei de bases que o seu partido apresentou no Parlamento e à “nova geração de políticas de habitação” que o seu Governo apresentou.
"Meter os papéis para a reforma"
Num discurso que disse ser "a olhar para o futuro", Costa manifestou confiança nos quadros mais jovens do partido, todos “com grande qualidade política”. Elogiou o debate interno - “é sempre ótimo sentir este pulsar do PS” - e garantiu: “Aquilo que nos une é sempre muitíssimo superior aquilo que nos divide.”
Numa altura em que se começa a especular sobre eventuais sucessores, o líder socialista fez questão de deixar o aviso: “Aviso já que não meti os papéis para a reforma."
Logo a abrir o discurso, o líder reconfirmado do PS fez questão de também reconfirmar Ana Catarina Mendes como sua secretária-geral adjunta. Uma figura prevista nos estatutos do partido para quando o PS está no governo e que Costa considera “absolutamente essencial”.