09 jun, 2018 - 23:20
O Bloco de Esquerda (BE) admite que as negociações com o Governo para o próximo Orçamento do Estado serão mais tensas. O PCP não passa “cheques em branco” e rejeita pressões.
"Ninguém esconde que este é um ano mais tenso para negociações para o Orçamento do Estado, até porque tem sido precedido de algumas ações do Governo que mostram uma certa tendência para o PS pensar que governa em maioria absoluta, facto que não se verifica, de facto, matematicamente", afirmou a dirigente bloquista Mariana Mortágua.
A dirigente e deputada respondia aos jornalistas, em Lisboa, durante a sua participação na manifestação da CGTP, sobre a posição do Presidente da República, segundo a qual haverá "bom senso" entre os partidos na Assembleia da República para não criar uma crise política.
Referindo que as negociações com o Governo irão continuar (o Governo minoritário está em conversações sobre o próximo Orçamento do Estado com o BE e o PCP), a dirigente criticou o recente acordo do executivo em sede de concertação social em vez de o ter feito com "a maioria de esquerda".
"Mas isso não demove o BE, estamos empenhados em fazer o melhor Orçamento do Estado possível e que respeite os direitos dos trabalhadores e aumente rendimentos", explicou.
Em Ponta Delgada, nos Açores, o Presidente da República considerou que "ninguém quer juntar às complicações que vêm de fora [da Europa] complicações de dentro. Esse bom senso faz com que não haja a temer qualquer tipo de crise ou qualquer tipo de problema com o Orçamento de Estado" de 2019.
Jerónimo reage a "desabafos" do Presidente
O secretário-geral do PCP, Jerónimo de Sousa, reagiu ao que qualificou de "desabafos" do Presidente da República, recusando pressões sobre os comunistas relativamente ao Orçamento do Estado para 2019, frisando que não assinam "cheques em branco".
"Em relação a esses desabafos do senhor Presidente da República: que fique claro que o PCP nunca assinou nem assinará cheques em branco. Escusam de pressionar porque o PCP, de uma forma autónoma, com as suas propostas, com a sua opção política, naturalmente, decidirá com essa independência", defendeu Jerónimo de Sousa.
O líder comunista falava aos jornalistas em Lisboa, junto à praça do Saldanha, onde passava uma manifestação convocada pela central sindical CGTP para exigir a valorização do trabalho e dos trabalhadores e o aumento de salários.