16 jul, 2018 - 22:55
O líder do PSD, Rui Rio, não excluiu uma comissão de inquérito ao furto de armamento militar em Tancos, mas primeiro quer ouvir as explicações do ministro da Defesa.
O ministro Azeredo Lopes vai esta terça-feira ao Parlamento falar sobre a cimeira da NATO, da semana passada, mas também vai ser confrontado com a notícia de que ainda há explosivos e granadas “à solta”.
O PSD exige explicações rigorosas do ministro da Defesa, Azeredo Lopes, sobre o estado da investigação às armas furtadas em Tancos.
“Terá oportunidade de falar sobre a cimeira da NATO, mas por parte do PSD será confrontado com esse problema [Tancos]. Tal como o líder parlamentar do PSD disse, vamos ter uma atitude forte. A novela não se pode arrastar tanto tempo”, afirma Rui Rio.
“É uma questão de Estado, é grave. Foi grave quando aconteceu, mais grave se torna quando, ao fim de todo este tempo, ainda não se sabe bem o que aconteceu, quando se diz que foi tudo recuperado e, agora, se verifica que não foi tudo recuperado”, sublinha o líder social-democrata.
Para Rui Rio, “não é minimamente aceitável que, volvido este tempo todo, nem o Governo saiba bem o que aconteceu. Temos que ter um esclarecimento cabal sobre isso e também em sede de investigação, porque há um choque entre a Polícia Judiciária e a Polícia Judiciária Militar que não é saudável”.
Sobre uma possível comissão parlamentar de inquérito, o líder do PSD não exclui a possibilidade, mas diz ainda ser cedo demais.
“Não gosto de banalizar instrumentos muito importantes. Se os banalizarmos, eles deixam de ter a eficácia e respeitabilidade devidas. Neste caso concreto, não excluo, mas só depois de o ministro falar e se explicar”, defende Rui Ri
PSD ambiciosa ganhar todas as eleições
O presidente do PSD considerou, por outro lado, que o partido "tem condições" para ir para as eleições europeias, legislativas e autárquicas com a "ambição de ganhar", tendo para isso de ter a "noção exata da gestão do tempo".
"Acho que nos temos condições para irmos para as eleições europeias com a ambição de ganhar, para irmos para as eleições legislativas de 2019 com a ambição de ganhar e para irmos para as eleições autárquicas de 2021 com a ambição de ganhar em muitos concelhos que, entretanto, perdemos", disse o líder social-democrata durante o discurso de tomada de posse dos órgãos distritais do PSD/Porto.
Mas, para isso acontecer, Rui Rio afirmou que o partido e os militantes têm de ter a "noção exata" daquilo que é a gestão do tempo porque "tudo tem um tempo certo", não podendo o PSD exigir aos outros que entendam o que está a pensar quando ainda não é o momento.
"Aquilo que hoje a população portuguesa está capaz de entender é diferente daquilo que estava capaz de entender há um ano", entendeu.
Para o presidente do partido, a gestão do tempo em política é "vital", tendo de ter em cada momento consciência daquilo que é possível a população entender.
Para ganhar as eleições só é preciso ter credibilidade, não é preciso ter mais nada, observou, acrescentando que a credibilidade é o somatório da seriedade, coragem e competência.
É a credibilidade que vai permitir ao PSD aspirar a ganhar as eleições, salientou Rui Rio.
As eleições europeias, que acontecem em maio de 2019, são a primeira prova que o PSD vai ter, observou o social-democrata, convencido de que os portugueses vão chegar a essa altura com as ideias muito claras daquilo que o partido defende para a política europeia, mas também sobre aquilo que é a "fragilidade" da atual solução governativa que muitos já veem.
Frisando que, desde já, o PSD tem de se preocupar com as eleições europeias e legislativas, Rui Rio vincou que também tem de se preocupar com as autárquicas e começar a trabalhar já para elas, porque senão não vai ter hipótese de ter um "resultado condigno".
A implementação autárquica nas câmaras e juntas de freguesias é "mais relevante" do que o número de deputados que o PSD possa vir a ter na Assembleia da República, atestou, recordando que a comissão política nacional criou uma equipa de trabalho para que, em articulação com as distritais, haja a monitorização de concelho a concelho ouvindo pessoas, visitando instituições e percebendo o que está mal.
"Se nós fizermos isso, chegamos em condições de ganhar as eleições concelho a concelho nas próximas autárquicas de 2021, mas se não fizermos só um milagre é que nos pode dar oportunidade de recuperar muitas das câmaras que, atualmente, estão ao nosso alcance", afiançou.
A título de exemplo, Rui Rio afirmou que a Câmara Municipal do Porto, liderada pelo independente Rui Moreira, está ao alcance do PSD.
"Acreditem que ao fim de 12 anos de autarca tenho a noção exata das coisas, particularmente onde fui autarca. Há condições para ganhar aqui, mas é preciso trabalhar", asseverou.
No final do seu discurso, que demorou cerca de 20 minutos, o presidente do PSD revelou que o grupo parlamentar faz o seu jantar de final da sessão legislativa na terça-feira, onde irá aproveitar para falar de saúde.
A área da saúde é a "maior fragilidade" do Governo de António Costa para "mal dos portugueses", observou, adiantando que vai aproveitar o momento para falar do que é o pensamento do PSD para a saúde em Portugal.