27 ago, 2018 - 16:40
A conferência de líderes chumbou, esta segunda-feira, uma proposta do CDS-PP para debater, já esta semana, em sede de reunião extraordinária da comissão permanente, o que apelida de "caos na ferrovia".
"Lamentamos que não tenha sido possível marcar esta reunião que nós queríamos que fosse já esta semana", disse aos jornalistas Telmo Correia, deputado do CDS.
"O PS disse que não existe urgência nesta matéria. Os outros partidos que apoiam a maioria entenderam que, apesar de ser uma questão relevante, não teria que ser discutida já esta semana. A proposta teve apenas o nosso apoio e do PSD e não foi aprovada", explica o parlamentar centrista.
Telmo Correia fala num "erro" dos partidos de esquerda, porque "a situação da ferrovia tem sido grave de há um tempo esta parte", um pouco por todo o país, mas nos últimos meses atingiu um ponto "insustentável para milhares e milhares de portugueses que sofrem com os atrasos e supressões de comboios".
A comissão permanente regressa de férias a 6 de setembro e Telmo Correia espera que o problema seja, então, discutido.
João Oliveira, líder parlamentar do PCP, disse aos jornalistas que o problema da ferrovia "é sério", atinge milhares de portugueses, no entanto, não pode ser discutido "à pressa", mas sim de forma aprofundada.
O PCP apresentou propostas e suscitou a discussão do problema, "é pena que nessa altura o CDS estivesse concentrado apenas na Linha de Cascais e não quisesse saber do resto dos problemas da ferrovia e não apoiasse as propostas do Partido Comunista", lamenta João Oliveira.
De acordo com o líder parlamentar comunista, o tema será discutido na comissão permanente de 6 de setembro. Nessa reunião, o PCP vai propor a discussão dos problemas do aeroportos portugueses e do papel da ANA.
Pedro Filipe Soares, do Bloco de Esquerda, também se manifestou contra a reunião extraordinária da comissão permanente, mas sublinha que desde o início da legislatura que o partido tem apresentado e acompanhado iniciativas de investimento na ferrovia.
"Curiosamente, são as forças de oposição a essas intenções de investimento na ferrovia que, hoje se vem pronunciar, porque quando ouvimos um alto dirigente do CDS falar dos problemas da ferrovia e depois sugerir a concessão ou a privatização, sabemos que mais uma vez é o negócio que está a imperar nas intenções que o CDS traz para o debate político", acusa Pedro Filipe Soares.
"O CDS não conta com o Bloco para fazer do Parlamento um palco para a privatização da ferrovia", frisou o líder parlamentar do BE, que exige a presença do Governo na reunião da próxima semana para dizer o que vai fazer para resolver os problemas nos comboios.
Fernando Negrão, líder parlamentar do PSD, diz que as políticas do Governo estão a pôr a ferrovia em causa e lamentar a rejeição da reunião extraordinária, mas garante que vai voltar ao tema.
Pedro Delgado Alves, deputado do PS, aponta culpas ao Governo anterior, do qual fez parte o CDS, e sublinhou que o problema será discutido na comissão permanente da próxima semana, a 6 de setembro.
"Este é um tema fundamental e estruturante. Em matéria de transportes públicos, o PS tem demonstrado, em relação à Carris, STCP, à TAP, a sua disponibilidade para investir no setor do transporte público e não para o desvalorizar, como aconteceu nos anos anteriores. Pedimos seriedade e não pressa para fazer um número político em altura de Verão", afirma Pedro Delgado Alves.