20 set, 2018 - 23:49
Pedro Passos Coelho diz que se escondem “os verdadeiros motivos” para a não recondução de Joana Marques Vidal na Procuradoria.
Num artigo assinado no Observador, o primeiro-ministro que sugeriu Joana Marques Vidal para o cargo de PGR deixou críticas ao atual Governo.
"Não houve, infelizmente, a decência de assumir com transparência os motivos que conduziram à sua substituição". "Em vez disso", escreveu Passos Coelho, "preferiu-se a falácia da defesa de um mandato único e longo para justificar a decisão", algo que não está escrito na Constituição.
O antigo líder do PSD argumenta que "é claro que a vontade de a substituir resulta de outros motivos que ficaram escondidos", falando numa "ação extraordinária no topo da hierarquia do Ministério Público".
Na sua carta aberta, Passos Coelho prestou ainda um reconhecimento público pela "ação extraordinária" que Joana Marques Vidal desenvolveu no topo da hierarquia do Ministério Público.
"Como português quero sobretudo expressar a minha gratidão por ter elevado a ação da Procuradoria a um novo e relevante patamar de prestígio público. Muito obrigado, senhora dra. Joana Marques Vidal", refere.
Pedro Passos Coelho defende que a atual PGR desempenhou o seu mandato com "total independência", frisando que ninguém pode "lançar a suspeição de que tenha feito por agradar a quem pode para poder ser reconduzida".
"Num tempo em que, infelizmente, tantas vezes se suspeita, não sem fundadas razões, da efetiva realização da autonomia e independência de muitas instâncias dos poderes públicos, incluindo a área da justiça, a senhora procuradora inspirou confiança e representou uma grande lufada de ar fresco pelo modo como conseguiu conduzir a ação penal pelo corpo do Ministério Público", afirma o antigo chefe do executivo.
Lucília Gago, de 62 anos, é a nova Procuradora-geral da República, confirma a Presidência da República. Joana Marques Vidal termina o seu mandato no próximo dia 12 de outubro.